O Papa Francisco considera que em África permanece um “colonialismo económico igualmente escravizador”, participou na abertura do Clinton Global Initiative e pediu “atenção especial” ao fenómeno migratório. Rússia quer dialogar com o enviado do Papa e jesuíta português foi nomeado diretor da revista ‘La Civiltà Cattolica’.
1. O Papa Francisco disse, na quarta-feira, 20 de setembro, que em África permanece um “colonialismo económico igualmente escravizador”. “Basta de sufocar África”, apelou, na audiência-geral em que destacou o testemunho do bispo Daniel Comboni, fundador dos Missionários Combonianos. “Na África tão amada por Comboni, hoje dilacerada por muitos conflitos, depois do político, desencadeou-se um colonialismo econômico igualmente escravizador. É um drama diante do qual o mundo economicamente mais avançado muitas vezes fecha os olhos, os ouvidos e a boca”, sublinhou.
“África não é uma mina a ser explorada ou um solo a ser saqueado”, reforçou Francisco, destacando que a escravidão e o colonialismo não são uma recordação do passado. “Como cristãos, somos chamados a combater contra todas as formas de escravidão”, lembrou. Estas palavras surgem na véspera de Francisco viajar para Marselha, onde irá acompanhar a conclusão do festival inter-religioso de 30 países do Mediterrâneo, e também numa altura em que prossegue a crise de refugiados, com milhares de migrantes a chegar diariamente à costa mediterrânea.
A terminar a audiência, o Papa deixou também um apelo à paz na região Nagorno-Karabakh, onde ressurgiu o conflito, três anos depois do fim da guerra. “Ontem, chegaram-me notícias preocupante de Nagorno-Karabakh, no Cáucaso meridional, onde a já critica situação humanitária foi agora agravada por confrontos armados”, começou por referir. “Renovo o meu apelo às partes em causa e à comunidade internacional para que se calem as armas e se faça um esforço para encontrar soluções pacificas para o bem das pessoas e o respeito da vida humana”, pediu.
Três anos depois de uma guerra que terminou com uma derrota militar da Arménia, o conflito foi retomado nas últimas horas. O Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já veio apelar ao “fim imediato dos combates”. De acordo com alguns relatos, o Azerbaijão lançou na terça-feira uma ofensiva que já terá causado 29 mortos.
2. O Papa Francisco participou na abertura do Clinton Global Initiative, sobre os desafios mais urgentes de nosso tempo, desde as mudanças climáticas às crises humanitárias que afetam migrantes, refugiados e crianças. “Nenhum desafio pode ser enfrentado sozinho. Somente juntos poderemos curar o mundo do anonimato, da globalização da indiferença”, disse Francisco, esta segunda feira, 18 de setembro, numa ligação vídeo, em direto do Vaticano.
Saudado por Bill Clinton e aplaudido longamente pelos participantes neste encontro que decorreu durante dois dias em Nova Iorque, o Santo Padre afirmou que “é hora de encontrar a mudança da paz, a mudança da fraternidade. É hora de parar com as armas. É hora de voltar ao diálogo, à diplomacia. É hora de acabar com os desígnios de conquista e de agressão militar. É por isso que repito: não à guerra. Não à guerra!”
Sobre as alterações climáticas, Francisco sublinhou a urgência de “trabalharmos juntos, antes que seja tarde demais” e, face à atual “catástrofe ecológica”, reafirmou que vai brevemente atualizar a sua encíclica Laudato si’. “Por favor, vamos parar enquanto há tempo”, pediu o Papa.
3. O Papa voltou a sublinhar, no passado Domingo, 17 de setembro, a importância de tratar com dignidade os migrantes. Durante o Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano, Francisco falou do fenómeno migratório e lembrou que vai participar, esta semana, em França, na cidade de Marselha, nos Encontros do Mediterrâneo, que considera “uma bela iniciativa” que “vai juntar autoridades eclesiásticas e civis” para “promover caminhos de paz, colaboração e integração em torno do Mare Nostrum”. “Teremos uma atenção especial ao fenómeno migratório”, que “representa um desafio que não é fácil”. “Mas temos de o enfrentar juntos”, admitiu, para garantir que o futuro “só será próspero se construído com base na solidariedade, colocando em primeiro lugar a dignidade humana, as pessoas e, sobretudo, os mais necessitados”.
4. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, revelou que Moscovo está disponível para dialogar com o cardeal Matteo Zuppi sobre a situação na Ucrânia. Segundo revela a agência russa Tass, Lavrov terá declarado, num painel sobre a invasão da Ucrânia, que “o enviado papal vai voltar brevemente à Rússia”. Neste contexto, o chefe da diplomacia russa disse estarem “preparados para encontrar e falar com todos” e recordou que a Rússia tem mantido encontros sobre esta crise com representantes da Turquia “que também têm ideias diferentes”.
No âmbito dos esforços para pôr fim ao conflito na Ucrânia, o Papa já enviou o cardeal Zuppi a Kiev e a Moscovo, no passado mês de junho, a Washington, em julho, e a Pequim, já neste mês de setembro.
5. O padre jesuíta Nuno da Silva Gonçalves foi nomeado diretor da revista ‘La Civiltà Cattolica’, substituindo o padre Antonio Spadaro, que ocupou o cargo desde 2011. “Acolho com confiança [esta nomeação], sabendo que tenho um grande desafio pela frente, que é o de continuar a história de uma revista com uma grande tradição", referiu o sacerdote português, à Renascença.
Fundada em 1850 por um grupo de jesuítas, trata-se de uma das mais antigas publicações italianas, desde sempre dedicada a questões ligadas à fé e à cultura, incluindo outras áreas como ciência, religião, política e história. O jesuíta português integrava o ‘Colégio de Escritores’ da revista, desde o início de 2023, após ter terminado, no verão do ano passado, a sua missão como reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.
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