DOMINGO XIII DO TEMPO COMUM Ano A
“Quem vos recebe, a Mim recebe;
e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou.”
Mt 10,40
Sempre me encantou aquela regra monástica que mandava colocar um lugar a mais na mesa para quem quer que pudesse chegar. E esse alguém que batesse à porta do mosteiro devia ser recebido como o próprio Cristo! Há uma das obras de misericórdia que nos convida a dar pousada aos peregrinos; e não somos todos peregrinos neste mundo passageiro? No mosteiro e nas nossas casas, nos prédios e nas ruas, a virtude do acolhimento espera ser redescoberta.
Será que há aldeias em que ainda se pode deixar a porta aberta sem desconfiança? Ou já se vive o medo urbano da insegurança, em que é preciso manter distância com o desconhecido? É grande a tentação de julgar que só estamos seguros ao pé dos que pensam como nós, vestem como nós ou pertencem aos mesmos ambientes! A absoluta segurança é uma ilusão; viver é um risco constante e não é a fecharmo-nos que vivemos melhor!
Para o povo hebreu, a hospitalidade era uma atitude cultivada. Lembrava-se sempre que também tinham sido estrangeiros e, por isso, Deus apontava esta virtude como excelente. O acolhimento, especialmente dos pobres, dos órfãos e das viúvas era um acto religioso em si mesmo. Jesus virá dizer que é mais valioso do que muitas orações ou sacrifícios, que não ajudam a ter um coração mais acolhedor: “O que fizestes ao mais pequenino dos meus irmãos, foi a Mim que o fizestes” (Mt 25, 40). Não é por acaso que os cristãos sempre se preocuparam com os irmãos mais carenciados: não se pode amar Deus que não se vê, se ignoramos os sofredores que vemos!
Não crescemos como pessoas se montamos barreiras ou fronteiras à volta do coração e do pensamento. Há uma juventude da alma que rima com acolhimento. Quando se é mais forte do que a lógica dos gangues, sensíveis à intolerância e à indiferença que nos rodeia podemos criar gestos claros de acolhimento e confiança, geradores de esperança. Se nos entusiasmamos a conhecer novas experiência de vida, de cultura e de fé, e descobrimos a alegria de comunicar mesmo sem conhecer o idioma que o outro fala, estamos a dar passos de acolhimento. A um mês de acolhermos a JMJ Lisboa 2023 e com jovens em casa, nas ruas, nos transportes, nos lugares que considerávamos “só nossos”, vamos ter talvez o maior exercício prático de acolhimento das nossas vidas. Não tenhamos medo; como quase tudo na vida, “também isto há-de passar”. Mas estamos dispostos a que entrem no nosso coração e na nossa vida de cristãos estas “olimpíadas de acolhimento”?
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