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Boletim médico #17
Reconhecer e tratar a depressão nos jovens
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Pode não ser fácil para um jovem adulto conciliar as exigências da vida académica com as da vida social e familiar, em especial num mundo onde cada segundo conta. Muitas vezes, o que acaba por acontecer é que este desafio gera ansiedade, tristeza e, em casos mais graves, depressão. Os jovens vivem com a pressão de estarem em constante movimento e de não poderem parar. Quando se deparam com a sua tristeza muitos deles ficam inquietos e tentam fugir do que sentem. No entanto, se a tristeza for ignorada ao invés de processada de forma natural, pode dar lugar a um quadro clínico mais grave e persistente.

As causas para a depressão podem ser de origem genética, com potencial risco de depressão quando existem antecedentes familiares, ou podem resultar de fatores externos, associados à história individual de cada jovem e à forma como cada um a interioriza. Por exemplo, perdas inesperadas de pessoas próximas, pares ou figuras de referência, onde o luto seja difícil, bem como situações prolongadas de stress e ansiedade, podem potenciar um estado depressivo.

Os primeiros sinais de depressão podem ser pouco expressivos – pode manifestar-se, por exemplo, em cansaço, uma desmotivação fora do habitual, na diminuição progressiva de prazer em atividades com as quais a pessoa antes se empolgava e em perturbações do sono. No caso dos estudantes universitários, a depressão acaba também por despontar-se sob a forma de baixo rendimento académico, procrastinação, baixa autoestima e isolamento, com uma diminuição gradual da vida social e afetiva.

Ignorar estes sintomas e não procurar ajuda pode, por isso, ter um impacto severo no futuro de qualquer jovem. Ao não tratar a depressão, o jovem fica muito aquém do seu potencial, podendo ter como consequência a baixa qualidade de vida. Além disso, a saúde tem de ser vista de uma forma integrada e holística, pois a depressão tem repercussões na saúde mental, como na saúde física. Tem efeito no organismo como um todo, enfraquece o sistema imunitário e torna-o vulnerável a outros problemas de saúde.

O tratamento da depressão é um processo que se inicia com um pedido de ajuda psicológica e uma primeira consulta de avaliação. Depois, caso faça sentido, é proposto um acompanhamento psicoterapêutico periódico e nos casos de depressão instalada, terá sempre de existir um acompanhamento psiquiátrico em paralelo.

Para além do vínculo com o psicoterapeuta, as respetivas redes de apoio do jovem, como amigos, grupos de pertença e o grupo familiar, também desempenham um papel relevante para o sucesso do tratamento. A família é uma estrutura fundamental que não deve negar a depressão e deve ajudar o jovem a não encarar o processo terapêutico como passageiro, mas sim como um trabalho contínuo. A própria universidade pode ajudar a complementar este processo. Há situações de doença mental em que os jovens podem beneficiar do Estatuto do Estudante com Necessidades Educativas Especiais.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a depressão será a doença mais prevalente do mundo em 2030 – estar atento a potenciais sinais de alerta é fundamental para dar início a todo o processo.

 

Maria João Moutinho
Psicóloga na Clínica CUF Nova SBE

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