Lisboa |
Entrevista ao diretor do Setor de Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa, padre Albino dos Anjos
“A missão será sempre a razão mais profunda de ser da Igreja”
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O diretor do Setor de Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa, padre Albino dos Anjos, desafia, em entrevista ao Jornal VOZ DA VERDADE, a “testemunhar com alegria e com ardor, por meio de obras e de palavras, a morte e ressurreição de Cristo”. Por ocasião do Dia Mundial das Missões, este sacerdote dos Missionários da Boa Nova convida ainda à participação na Vigília Missionária deste sábado, dia 22, em Torres Vedras.

 

O Dia Mundial das Missões 2022 tem como tema ‘Sereis minhas testemunhas’ (At 1, 8) e é celebrado neste Domingo, 23 de outubro. Qual o sentido da missão, hoje?

A missão será sempre a razão mais profunda de ser da Igreja. A Igreja existe para anunciar o Evangelho, a Boa Nova que, no fundo, o homem de todos os tempos procura encontrar para si. Para os discípulos-missionários, esta realidade traduz-se num testemunhar com alegria e com ardor, por meio de obras e de palavras, a morte e ressurreição de Cristo. Esta é a fé que Cristo pede que vivamos e testemunhemos.  Num tempo em que tudo é missão e parece que nada é missão, não se procura um aumento da extensão geográfica e pastoral da missão na vida da Igreja. A missão é a vida da Igreja. É o verdadeiro mandato do Senhor e, para nós, imperativo eclesial. O Dia Mundial das Missões faz-nos voltar às fontes do nosso modo de ser comunidade. Não é um voltar atrás.

 

Como ser missionário neste tempo de contratestemunho?

A atividade mais radical e mais sujeita a um risco elevadíssimo da Igreja, que vai desde a indiferença, passando pela não aceitação até culminar no martírio, é anunciar o kerigma, Cristo vivo. Não somos perseguidos por distribuir o pão, mas por anunciar o Evangelho. Não há estratégias nem planos que nos salvem destas ondas encapeladas, se nos basearmos na sabedoria humana. Há somente o Evangelho, e aí encontramos na boca do Senhor muitas palavras de esperança, de conversão e de entrega, na certeza do cumprimento da sua promessa: «Eu estarei convosco»!

 

O caminho de preparação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, com todo o envolvimento juvenil, pode ser considerado um momento particularmente missionário?

O que está a montante (preparação), os dias do encontro e o que está a jusante do evento (frutos) será para Igreja em Portugal, e de Lisboa em particular, um tempo de renovação e serão os jovens a tomar a liderança como profetas e missionários de um tempo novo. Deixem os jovens sonhar e avançar. Com eles, iremos sentir a ousadia, a criatividade, a alegria e a força do Evangelho. Os frutos virão. Por agora, semeamos com fé!

 

O que está pensado para a Vigília Missionária deste sábado, dia 22 de outubro, às 21h15, em Torres Vedras, e que convite gostaria de deixar?

Vamos promover a Vigília Missionária a nível diocesano, na Igreja da Graça, em Torre Vedras. As vigílias são isso mesmo, um entrar num mistério de fé que nos desperta da noite da vida e nos deixa vigilantes e cheios de luz. Será em ambiente de adoração que iremos promover a celebração. A missão parte de Cristo. Do mistério sempre novo da sua presença.

Na Vigília Missionária, vamos estruturalmente apoiarmo-nos na Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões, assente nas três frases: Sereis minhas testemunhas - até aos confins da terra - recebereis a força do alto. Em cada um destes tempos iremos escutar testemunhos missionários; uma apresentação sobre a irmã Maria, missionária comboniana italiana recentemente assassinada em Moçambique, no testemunho da missão Boa Vista e no testemunho do padre Paulo. Será uma celebração festiva e um hino à missão que Deus nos confiou.

entrevista e foto por Diogo Paiva Brandão

 

Missão - Patriarcado de Lisboa

www.facebook.com/lisboamissao

  

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‘Com Maria rezamos pelas Missões’

Neste mês do ‘outubro missionário’, o Setor de Animação Vocacional (SAV) do Patriarcado de Lisboa tem promovido, todas as quintas-feiras à noite, a oração do Terço na capela da sede da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, no Beato. “Aproveitamos esta oportunidade para nos aproximarmos da Virgem Maria e de entregarmos este pedido pelas missões, este pedido por mais vocações missionárias e entregamos também nas mãos de Maria todos aqueles que já se consagraram a essa vocação. Maria os proteja e confirme, cada vez mais, a sua vocação e os fortaleça na fidelidade ao chamamento de Deus”, pediu, no início da oração, o diretor do SAV, padre Bernardo Trocado.

Organizada em parceria com o COD de Lisboa, esta iniciativa ‘Com Maria rezamos pelas Missões’ vai decorrer ainda no dia 27 de outubro, às 21h30, e tem transmissão em direto, via Zoom, através do Facebook (www.facebook.com/vocacoeslisboa). “Quem quiser, que venha aqui, à sede da JMJ, rezar connosco”, convidou, no final, o sacerdote.

 

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Congresso Missionário 2022

Construção da fraternidade exige “humildade”

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) desafiou as várias comunidades religiosas a colocarem-se ao serviço do “bem comum” e da “vida de todos”. Na abertura do Congresso Missionário 2022, com o tema ‘Fraternidade sem Fronteiras’, que decorreu na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, nos dias 14 e 15 de outubro, D. José Ornelas apontou como caminhos de compromisso comum das religiões a construção da paz e defesa da natureza, evitando a “autodestruição” da humanidade, e sublinhando que a construção da fraternidade exige “humildade”. “Não sejamos predadores uns dos outros e desta casa comum, mas sejamos cuidadores”, insistiu.

Os trabalhos começaram com uma mensagem do Papa, enviada através do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, destacando “o anseio mundial da fraternidade, como filhos desta terra que nos alberga todos”. O texto, lido pelo secretário da CEP, padre Manuel Barbosa, destacou a importância do diálogo entre religiões, “cada qual com a sua própria voz, mas todos irmãos”.

A sessão de abertura contou ainda com a intervenção do presidente da Assembleia da República. “Não chega reconhecer que somos plurais, importa que, sendo plurais, dialoguemos uns com os outros”, apontou Augusto Santos Silva, que falou das religiões como “grandes estruturas de civilização” e “quadros de sentido”, uma forma de as pessoas se “ligarem entre si” e “cultivarem a solidariedade entre elas”.

No segundo dia de congresso, o cardeal José Tolentino Mendonça defendeu a reconstrução do “pacto comunitário”, no pós-pandemia, propondo à sociedade o “horizonte da totalidade”. “Precisamos de reabilitar o pacto comunitário, o pacto da fraternidade, e de estendê-lo universalmente”, salientou o prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação. “As nossas sociedades precisam de aprender a conjugar-se mais no ‘nós’, na primeira pessoa do plural, envolvendo os cidadãos numa política da esperança de dimensões coletivas”, acrescentou, numa intervenção em vídeo.

O Congresso Missionário 2022 foi organizado pela Conferência Episcopal Portuguesa, Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) e Obras Missionárias Pontifícias (OMP) e teve mais de 450 pessoas inscritas, com participação presencial e online (www.conferenciaepiscopal.pt/congressomissio22).

foto por Agência Ecclesia

 

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Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões 2022 (excertos)

 

Detenhamo-nos nestas três expressões-chave que resumem os três alicerces da vida e da missão dos discípulos: «Sereis minhas testemunhas», «até aos confins do mundo» e «recebereis a força do Espírito Santo».

 

1. «Sereis minhas testemunhas» – A chamada de todos os cristãos a testemunhar Cristo

É o ponto central, o coração do ensinamento de Jesus aos discípulos em ordem à sua missão no mundo. Todos os discípulos serão testemunhas de Jesus, graças ao Espírito Santo que vão receber: será a graça a constituí-los como tais, por todo o lado aonde forem, onde quer que estejam. Tal como Cristo é o primeiro enviado, ou seja, missionário do Pai (cf. Jo 20, 21) e, enquanto tal, a sua «Testemunha fiel» (Ap 1, 5), assim também todo o cristão é chamado a ser missionário e testemunha de Cristo. E a Igreja, comunidade dos discípulos de Cristo, não tem outra missão senão a de evangelizar o mundo, dando testemunho de Cristo. A identidade da Igreja é evangelizar.

 

2. «Até aos confins do mundo» – A atualidade perene duma missão de evangelização universal

A indicação «até aos confins do mundo» deverá interpelar os discípulos de Jesus de cada tempo, impelindo-os sempre a ir mais além dos lugares habituais para levar o testemunho d’Ele. Hoje, apesar de todas as facilidades resultantes dos progressos modernos, ainda existem áreas geográficas aonde não chegaram os missionários testemunhas de Cristo com a Boa Nova do seu amor. Por outro lado, não existe qualquer realidade humana que seja alheia à atenção dos discípulos de Cristo, na sua missão. A Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará «em saída» rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais, rumo aos lugares e situações humanos «de confim», para dar testemunho de Cristo e do seu amor a todos os homens e mulheres de cada povo, cultura, estado social.

 

3. «Recebereis a força do Espírito Santo – Deixar-se sempre fortalecer e guiar pelo Espírito

Queridos irmãos e irmãs, continuo a sonhar com uma Igreja toda missionária e uma nova estação da ação missionária das comunidades cristãs. E repito o desejo de Moisés para o povo de Deus em caminho: «Quem dera que todo o povo do Senhor profetizasse» (Nm 11, 29). Sim, oxalá todos nós sejamos na Igreja o que já somos em virtude do Batismo: profetas, testemunhas, missionários do Senhor! Com a força do Espírito Santo e até aos extremos confins da terra. Maria, Rainha das Missões, rogai por nós!

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