Domingo |
À procura da Palavra
A esperança no deserto
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DOMINGO I QUARESMA

“Jesus respondeu-lhe: «Está escrito:

‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’»”.

Lc 4, 8

 

Imagens de deserto de escombros e destruição veem-nos da Ucrânia,

tão longe e tão perto, tão irreais e tão monstruosamente visíveis;

e milhares de pessoas a fugir, mulheres e crianças,

algumas malas, sacos ou mãos a segurar alguém,

caminham para as fronteiras, amontoam-se em espera nas estações;

e dói o silêncio, a angústia que se derrama dos olhos, as lágrimas das crianças,

o espanto que prende os gritos: “Como é possível seres humanos

acreditarem que levar destruição e morte pode ser alguma vitória?”

 

Para quem crê, se Deus é amor, a guerra é o maior pecado

da história humana porque é expressão do ódio,

que é o contrário de Deus”, escreveu-me um amigo.

 

No deserto de Kiev, de Karkiv ou de Lviv,

e de outros lugares desumanos a que já nos habituámos,

caminha Jesus e repete a negação às tentações que são sempre as nossas:

as tentações diabólicas de nos relacionarmos

com as coisas, com os outros e com Deus.

As primeiras usam-se com egoísmo e ganância

as pessoas dominam-se pela exploração e a violência

e Deus, se não for para fazer-nos a vontade, será que existe?

 

Mas como no deserto da Judeia, e no caminho longo até à Cruz,

nos passos silenciosos e firmes de todos os santos,

na renovação quaresmal a que o Espírito nos conduz,

a esperança vence sempre que alguém diz “não” ao mal,

e “sim” à palavra de Deus, ao serviço dos irmãos, à adoração de Deus.

Pode parecer pouco e insignificante rezar por quem sofre

e por quem causa sofrimento;

jejuar e partilhar com quem tem fome de alimento e de dignidade;

multiplicar gestos de paz longe da guerra;

mas a esperança é sempre assim:

insignificante como uma semente, a germinar na escuridão,

e surge frágil rebento que procura a luz.

Não nos cansemos de semear,

Não nos cansemos de fazer o bem” (Gal. 6, 9).

P. Vítor Gonçalves
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