Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Não temos que ser todos iguais
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Depois da viagem realizada a África, o Papa Francisco, no regresso a Roma e no decorrer da habitual conferência de imprensa no avião, afirmou que “hoje existem colonizações ideológicas, que querem entrar na cultura dos povos e transformar aquela cultura e homogeneizar a humanidade”.

Deveremos entender esta afirmação no seu contexto próprio, a partir do que foi a visita a povos de culturas díspares, mas esta afirmação pode ter um alcance maior quando olhamos para determinadas ideias que se querem impor na sociedade eliminando o que existe. A beleza da criação está na sua originalidade e, no que diz respeito a culturas, também essas têm as suas especificidades próprias que não podem ser oprimidas ou suprimidas por uma mentalidade que se afirma superior. A justificação da globalização tende a tornar o mundo numa única cultura, onde todos têm de pensar da mesma forma e aceitar a sobreposição de valores, ou até a rejeição de valores. Segundo o Papa Francisco, a colonização ideológica “busca cancelar a identidade dos outros para torná-los iguais e chegam propostas ideológicas que vão contra a natureza daquele povo, a história daquele povo. E devemos respeitar a identidade dos povos, esta é uma premissa a ser defendida sempre”, acentua o Papa Francisco.

Assim, se olharmos para o mundo atual, com determinadas ideias e comportamentos culturais e morais, vamos percebendo que há uma tentativa de alienação da pessoa humana, em favor de um domínio sobre o outro.

No que se refere ao respeito pela sua pessoa humana, é um direito de todos. Mas quando este é colocado em causa por uma força cultural estranha, corre-se o risco de ir contra os valores de todo um povo. Para o Papa Francisco, “a verdadeira globalização não é uma esfera, mas um poliedro onde cada povo preserva a própria identidade, mas se une a toda a humanidade”.

Não temos que ser todos iguais. Temos igualdade em dignidade humana, mas somos diferentes nos valores culturais que nos distinguem e identificam.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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