01.07.2018
Papa |
Roma
“Segredo do agir do cristão é o agradecimento”
O Papa Francisco destacou a dificuldade das pessoas “para acolher a fé cristã”. Na semana em que recebeu em audiência o presidente francês, o Papa defendeu a “vida sagrada” dos bebés por nascer e dos pobres que já nasceram, visitou uma instituição que acompanha pessoas com deficiências graves e esteve em Genebra, na Suíça, num encontro com o Conselho Mundial das Igrejas.
1. O Papa Francisco considerou que os Mandamentos são um caminho de libertação. “O texto bíblico que narra a entrega dos Dez Mandamentos à humanidade começa com a seguinte frase: «Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair do Egito, da casa da servidão» (Ex, 20,2). Com essas palavras, Deus nos ensina que, antes de transmitir a sua Lei, Ele quer que façamos experiência da sua ação redentora nas nossas vidas. Por isso, Deus se apresenta como o “nosso Deus”, não alguém distante, mas um Pai que nos ama e que enviou o Seu Filho Unigénito por amor. Com isso, descobrimos que o segredo do agir do cristão é o agradecimento. Assim, entendemos também o porquê de muitas pessoas terem dificuldade para acolher a fé cristã: às vezes, apresenta-se a Lei, as obrigações, antes da experiência da libertação. Por isso, é necessário fazer sempre memória de tudo o que Deus fez por nós. E aqueles que não fizeram experiência dessa libertação de Deus, fazer como fez o povo eleito: devem clamar para que sejam socorridos. Desse modo, faremos que a nossa vida cristã se converta numa verdadeira ação de graças ao “nosso Deus”, que é um Pai generoso”, salientou o Papa, na audiência-geral de quarta-feira, 27 de junho, na Praça de São Pedro. 2. O Papa recebeu, esta terça-feira, 26 de junho, no Vaticano, o Presidente de França, Emmanuel Macron. Segundo uma nota emitida pela Santa Sé, Francisco e Macron conversaram sobre vários assuntos de interesse comum, incluindo a problemática da migração que tem afetado a Europa ao longo dos últimos anos. Outros assuntos foram a proteção do ambiente e a prevenção de conflitos. “A conversa permitiu também uma troca de pontos de vista sobre várias situações de conflito, em particular no Médio Oriente e em África. Por fim, houve uma reflecção conjunta sobre as perspetivas do projeto europeu”, lê-se no comunicado. Uma particularidade desta visita de Emmanuel Macron ao Vaticano é o facto de o Chefe de Estado francês ter sido empossado como “proto-cónego de honra” do Capítulo da Basílica de São João de Latrão. A basílica papal e França mantêm uma ligação que remonta ao século XV, quando o rei Luís XI doou a São João de Latrão a abadia de Clairac e os seus rendimentos, decisão confirmada por Henrique IV em 1604. Em contrapartida, foi conferido ao chefe de Estado francês o título de “primeiro e único cónego honorário” (premier et unique chanoine d’honneur). Anualmente, celebra-se em São João de Latrão uma Missa pelo bem e a prosperidade da França, a 13 de dezembro, dia do nascimento de Henrique IV. A maioria dos anteriores presidentes franceses não aceitou ser empossado, com exceção de François Sarkozy. 3. Os católicos são chamados a defender, com a mesma paixão, a “vida sagrada” dos bebés por nascer e dos pobres que já nasceram. “A defesa do inocente que não nasceu, por exemplo, deve ser clara, firme e apaixonada, porque está em jogo a dignidade da vida humana, sempre sagrada, e a exigência de amor por cada pessoa, independentemente da sua fase de desenvolvimento”, observou o Papa, aos participantes na reunião plenária da Academia Pontifícia para a Vida, organismo da Santa Sé, que decorreu dia 25 de junho. “Igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram, que lutam na miséria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia oculta dos doentes e dos idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravidão e em qualquer forma de descarte”, acrescentou. Francisco denunciou ainda o “trabalho sujo da morte” que evita uma proposta de “sentido de vida” e obscurece o “valor da pessoa”. “Quando entregamos as crianças à privação, os pobres à fome, os perseguidos à guerra, os idosos ao abandono, não fazemos nós mesmos o trabalho ‘sujo’ da morte?”, questionou. 4. O Papa Francisco fez uma visita surpresa à Fundação ‘Durante e Dopo di Noi’, em Roma, que acompanha pessoas com deficiências graves. A visita, no passado Domingo, 24 de junho, durou cerca de duas horas e contou com a presença de mais de 200 internos. Esta fundação, refira-se, promove “um projeto de vida e de autonomia para pessoas com deficiências graves”, segundo uma nota informativa. Ainda neste dia, da parte da manhã, o Papa assinalou a solenidade litúrgica do nascimento de São João Baptista, pedindo que inspire nos católicos uma fé alegre e aberta às “surpresas” de Deus, com sentido de “espanto e gratidão”. “Que a Virgem Santa nos ajude a compreender que em cada pessoa humana há a marca de Deus, fonte da vida. Ela, Mãe de Deus e nossa Mãe, nos torne cada vez mais conscientes de que na geração de um filho, os pais agem como colaboradores de Deus”, concluiu Francisco, após a oração do Angelus, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro. 5. Num encontro com o Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra, o Papa Francisco apelou a um novo ímpeto missionário que una todos os cristãos. “O Conselho Ecuménico das Igrejas nasceu como instrumento do movimento ecuménico que foi suscitado por um forte apelo à missão: como podem os cristãos evangelizar, se estão divididos entre si?”, questionou. “Permiti-me, amados irmãos e irmãs, que, além de viva gratidão pelo empenho que dedicais à unidade, vos manifeste também uma preocupação. Esta deriva da impressão de que o ecumenismo e a missão já não aparecem tão intimamente interligados como no princípio”, salientou, fazendo depois um apelo: “Aquilo de que temos verdadeiramente necessidade é dum novo ímpeto evangelizador. Somos chamados a ser um povo que vive e partilha a alegria do Evangelho, que louva ao Senhor e serve os irmãos, com o espírito que deseja ardentemente descerrar horizontes de bondade e beleza inauditos a quem ainda não teve a graça de conhecer verdadeiramente a Jesus”. Para o Papa, “a oração é o oxigénio do ecumenismo”. “Estou convencido que, se aumentar o impulso missionário, crescerá também a unidade entre nós”, concluiu. O Conselho Mundial das Igrejas é uma organização que representa cerca de 500 milhões de cristãos, de 350 diferentes confissões religiosas, incluindo Igrejas protestantes e ortodoxas. A Igreja Católica não faz parte do Conselho, mas mantém relações cordiais, sendo que Francisco não foi o primeiro Papa a visitar a organização.Aura Miguel, jornalista da Renascença, à conversa com Diogo Paiva Brandão
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