EPIFANIA DO SENHOR Ano B
“Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe,
e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O.”
Mt 2, 11
Os magos, que vieram de longe guiados por uma estrela, até ao Presépio para adorar Jesus, sempre encantaram pequenos e grandes. E como pouco deles se sabia criaram-se fabulosas narrativas, cheias de fantasia e ternura, para dar rosto e corpo à sua orientação para Deus. Pois não é essa sede de Deus que leva os humanos a procurá-l’O, a eliminar a soberba de saber tudo, a vencer medos e egoísmos mantendo o desejo, a perseverar na busca sabendo esperar, como quem caminha para o mistério? Vieram a Jesus, apesar dos obstáculos, como quem procura a verdade e o sentido da vida: souberam perguntar com humildade, arriscaram caminhar na escuridão sem desistir da busca, e foram capazes de adorar Deus, encarnado na fragilidade de um menino!
Para muitos, Jesus tem mais a ver com o passado. Foi um homem extraordinário que trouxe uma mensagem admirável. E pronto, “inventou-se” o Natal que até é uma festa agradável a que voltamos todos os anos, e a vida continua. Mas, para muitos também, Jesus é mais do presente e do futuro! E lembrei-me disto a propósito de quatro documentários que a RTP produziu, e começou a transmitir, sobre “como será o mundo daqui a 60 anos”, assinalando essa data do seu aniversário. Intitula-se “2077 – 10 segundos para o futuro”. Procurando responder a “como vai viver a humanidade em 2077, com que recursos, que humanidade vai ser…?”, personalidades influentes e especialistas em várias áreas, procuram refletir e lançar pontes para o futuro. Fez-me lembrar a procura dos magos, a sede de respostas que trazemos dentro de nós. E sorri ao ouvir o comentário de alguém que tinha visto a apresentação da série em Cannes: “Descobri um ponto negativo e outro positivo… que afinal são o mesmo: o futuro será o que nós fizermos dele.”
O encontro com Jesus transformou o futuro daqueles magos, e de todos os que nos encontramos com Ele. É outro o caminho por onde se regressa, e somos outros os que regressamos. Pois a vida ganha mais profundidade e beleza, os horizontes alargam-se e os muros caiem. Viver com Deus implica descobri-l’O em todos. Não só nos que pensam como nós, nos que têm a mesma cor de pele, nos que partilham a mesma cultura. É fácil fazer um “Jesus” à nossa maneira ou usar a Bíblia para fundamentar desumanidade e ganância (como mostra o artigo de Ana Rita Guerra no DN de 2 de janeiro, intitulado “O Jesus americano”). Até o humor negro e violento dos irmãos Coen, no filme “Suburbicon” de George Clonney, é uma parábola a desmascarar o “paraíso” construído sobre a exclusão e a violência camuflada, quase de mãos dadas com a “profunda religiosidade” dos seus habitantes
Não se vive da mesma maneira com Deus e sem Deus. Mas isso não se vê nas palavras, nem nos hábitos. Não adianta dizer que se adora Deus e depois se despreza os outros. O joelho dobrado diante do altar nada vale se não o dobramos para levantar quem sofre, para defender quem é injustiçado, para salvar quem é condenado. O único presente que se pode dar a Deus é o amor que vence o mal. É esse também o único futuro que vale a pena!
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