África é um continente ferido, onde milhões de pessoas sofrem por causa da violência, do terrorismo, da pobreza extrema, das doenças. África é também o continente onde a Igreja regista o maior número de vocações. Parece contraditório? A Irmã Felicita dá a resposta a isso. Assim como a Irmã Goretti, a Irmã Mary, a Irmã Colum…
Com excepção do Afeganistão, os 25 países mais pobres do mundo são africanos. Este é um continente ferido, onde milhões de pessoas estão em lágrimas, precisam de ajuda. No preciso instante em que lê estas palavras, há milhares de pessoas, de homens, mulheres e crianças que não têm nada para comer, que estão amedrontados, que foram forçados a fugir de suas casas, a abandonar tudo o que tinham para salvarem as próprias vidas. No entanto, a pobreza mais extrema não impede manifestações da mais genuína solidariedade, com cada vez mais jovens a entregarem as suas vidas a Deus, oferecendo-se ao serviço dos mais necessitados da comunidade. Essa pobreza extrema não impede também que as Missas sejam sempre celebrações carregadas de uma alegria que parece ser só possível em África. Uma alegria contagiante que começa logo no sorriso franco e aberto destes cristãos. Como é o sorriso da Irmã Felicita.
“Posso ser irmã?”
Em Juba, no Sudão do Sul, quase todos conhecem a Irmã Felicita Humwara. Ela pertence à congregação do Sagrado Coração de Jesus. A vida por ali não é fácil. Por causa da guerra, os preços aumentaram e todos ficaram ainda mais pobres. “Há pessoas que vivem praticamente com uma refeição por dia. A vida em Juba é dura e difícil.” Apesar dos poucos recursos disponíveis, estas irmãs desenvolvem um trabalho extraordinário junto das populações mais carenciadas. Além da escola, estas irmãs são responsáveis por uma clínica. Por ali acontecem todos os dias verdadeiros milagres de entreajuda. “A clínica é um espaço simples que a nossa congregação criou para podermos ajudar os pobres das redondezas”, explica a Irmã Felicita, embrulhando sempre as palavras num largo sorriso. Um sorriso que cresce ainda mais quando recorda o dia em que decidiu que queria seguir a vida religiosa. “Quando conheci as irmãs ainda estava no terceiro ano. Foi em Torit, em 1984, quando inauguraram a catedral e muitas irmãs vieram nessa altura. Vi os seus hábitos brancos, que eram tão bonitos, tão bonitos… Então, aproximei-me de uma delas e disse: “Gostava de ser irmã. Também posso ser irmã?”
A Bíblia para Crianças
A Irmã Maria Goretti junta todos os dias os seus pequenos alunos para mais uma aula. Ela sabe que o seu trabalho é essencial mas muitas vezes parece quase inglório. Também ela está no Sudão do Sul, numa zona mergulhada na mais profunda instabilidade. “Quase todas as noites há armas que disparam por aqui...” Todos têm medo. As irmãs, os pais, as crianças. “Esta luta pelo poder está a destruir o futuro. As crianças têm medo do que irá acontecer”, explica. No entanto, apesar da violência, nos últimos tempos as aulas da Irmã Goretti têm sido especiais. E tudo graças a um pequeno livro oferecido pela Fundação AIS. “Com este livro, ‘A Bíblia para Crianças’, damos-lhes esperança. Podemos dizer-lhes: ‘Não se preocupem, a vossa vida está nas mãos de Deus.’” A Irmã Maria Goretti sorri com a alegria das suas crianças ao folhearem o livro – para quase todas elas, o primeiro que alguma vez seguraram nas suas mãos – e ao observarem as ilustrações que fermentam a imaginação. Tal como ela, também a Irmã Mary Colum Tarawali está apostada na educação como instrumento no combate à violência e à miséria. Mary Colum Tarawali está na Serra Leoa. “Quando as irmãs chegaram a esta zona, em 1960, as meninas não podiam ir à escola. Então as irmãs tentaram mudar isso. Não foi fácil.” E que fizeram? Andaram de casa em casa e falaram com os pais, explicando que era muito importante que as suas filhas fossem à escola, que iriam ver os benefícios e que região se iria desenvolver. Hoje, mais de 3 mil raparigas frequentam as aulas. Aprendem a ler e a escrever. Aprendem jardinagem, costura, cosmética, administração de empresas e informática. E a cozinhar. As irmãs andaram de casa em casa, convenceram os pais e encheram as salas de aulas com meninas fascinadas com um mundo novo que não imaginavam sequer que existia fora das suas aldeias. E hoje, muitas dessas meninas fazem também a mesma pergunta de Felicita Humwara: “Também posso ser irmã?”
“Sinto-me abençoada”
Um dia, Mary Colum Tarawali decidiu seguir a vida religiosa. Deixou-se encantar pela serenidade das Missionárias Clarissas do Santíssimo Sacramento e ousou entrar na comunidade. Deixou-se encantar e desejou imitá-las, entregando todo o seu tempo aos outros. “As irmãs sacrificam-se por muitas pessoas. Trabalham nas escolas, crianças e doentes.” Ao escolher esta congregação, Mary passou também a descobrir a importância da oração. É uma caminhada que está ainda a começar. “No início foi muito difícil, mas hoje sinto-me abençoada, sim, por Deus me ter chamado a ser irmã. Não me arrependo de nada.” Felicita, Maria Goretti e Mary Colum são um exemplo de irmãs apoiadas directamente pela Fundação AIS. Elas simbolizam, na sua generosidade, o melhor que a Igreja pode oferecer. Num continente onde milhões de pessoas estão em lágrimas, elas levam, todos os dias, o sorriso de Deus aos mais necessitados, aos que mais sofrem. E fazem-no também graças a si, graças aos benfeitores da Fundação AIS.
Guilherme d'Oliveira Martins
Num texto já com alguns anos Frei Bento Domingues disse: “Sei que a palavra Deus precisa de ser...
ver [+]
|
Pedro Vaz Patto
Muitos foram os que partilharam fervorosamente a emoção das conquistas de medalhas olímpicas pelos atletas do nosso país.
ver [+]
|
Tony Neves
Assis enche-me sempre as medidas da alma. Já lá fui várias vezes e aí voltarei sempre que puder. Para...
ver [+]
|
Guilherme d'Oliveira Martins
O poema chama-se “Missa das 10” e foi publicado no volume Pelicano (1987). Pode dizer-se...
ver [+]
|