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Presença fraterna nos bairros sociais
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O sentir da Igreja

A Doutrina Social da Igreja realça a ligação intrínseca entre Deus e a situação concreta do homem todo; essa constitui parte integrante do ministério de evangelização da Igreja. 

Daquilo que diz respeito à comunidade dos homens – situações e problemas referentes à justiça, à libertação, ao desenvolvimento, às relações entre os povos, à paz – nada é alheio à evangelização e esta não seria completa se não levasse em conta o recíproco apelo que continuamente se fazem o Evangelho e a vida concreta, pessoal e social do homem. Entre evangelização e promoção humana há laços profundos.

 

Ontem como hoje, se queremos ser protagonistas fiéis da Boa Nova, temos necessariamente de caminhar lado a lado com os nossos irmãos e irmãs, para sentirmos de perto as suas alegrias e esperanças, as suas tristezas e angústias (cf. GS nº1).

 

Alegrias e limitações

Esta missão que nos é confiada de ter a alegria de viver o dia-a-dia com eles numa zona de realojamento faz-nos perceber alguns aspectos muito concretos que sem dúvida nos interpelam e relativamente aos quais encontramos limitações a vários níveis:

 

- na maioria dos bairros as barracas já foram destruídas para dar lugar aos prédios construídos em altura; das casas térreas passou-se aos andares sobrepostos; sente-se o corte nas relações de proximidade e de vizinhança, o que leva a algum isolamento sobretudo nas pessoas com maiores dificuldades de mobilidade;

 

- na fase da construção  dos prédios nem sempre houve a preocupação efectiva da instalação de equipamentos sociais, cuja ausência é mais notória na medida em que nestes bairros existe uma forte concentração populacional;

 

- os apartamentos têm boas condições habitacionais; mas um acréscimo dos custos fixos veio alterar e em muitos casos agravar os orçamentos familiares com o pagamento de água, luz, renda e condomínio;

 

- alguns adolescentes acabam por ficar excluídos do sistema escolar porque as turmas desde o primeiro ciclo são demasiado grandes; e para quem não tem apoio escolar, mesmo que os pais/educadores tenham boa vontade para apoiar os filhos, acaba a maioria por esbarrar com a dificuldade de eles próprios não terem preparação para ensinar;

 

- a discriminação social instala-se frequentemente entre os moradores quando têm de conviver com a fama muitas vezes deturpada que estes bairros carregam;

 

- a diversidade cultural, apesar de ser uma riqueza, nem sempre tem proporcionado uma convivência pacífica;

 

- entre outras limitações, há que realçar a existência de famílias com carências económicas muito acentuadas;

 

- os subsídios em determinadas fases da vida ou em determinadas circunstâncias são indispensáveis; mas surge um problema quando pessoas ainda novas começam por criar uma dependência deles; a mentalidade de que afinal não vale a pena estudar nem trabalhar, porque se acaba por ter direito ao RSI [Rendimento Social de Inserção], começa a estar cada vez mais enraizada entre adolescentes e jovens;

 

- as baixas habilitações escolares e competências profissionais deixam poucas hipóteses para a inscrição em  cursos profissionais ou para a integração no mundo do trabalho;

 

 - uma intervenção  articulada e em rede, orientada pelo bem da comunidade que tem de estar acima de qualquer outro tipo de interesse, continua a ser mais um desafio do que uma realidade.

 

Gente concreta

Nestas sucintas interpelações está presente algum sofrimento, na medida em que são rostos e pessoas concretos que sentem estas dificuldades e as suas consequências, apesar de, por outro lado, se verificar que existe uma vontade de mudança, seja ao nível da população, seja ao nível dos agentes interventores.

 

Julgo que neste trabalhar lado a lado poder-se-á cada vez mais construir a ponte entre os reais interesses e motivações das pessoas e as exigências sociais

 

Ò Deus a quem invoco como Pai concede-me a graça de eu me sentir verdadeiramente irmã entre os irmãos(ãs) e que eu dê o meu contributo na construção desta Igreja que tem de ser necessariamente mais solidária e fraterna. E assim, neste caminhar junto, concede-nos fazer a descoberta contínua do profundo amor que tens por cada um(a) de nós.

Ir. Helena Moderno, Comissão Justiça e Paz CIRP
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