Ao começar a escrever este testemunho, senti a necessidade de falar um pouco da realidade em que vivemos (refiro-me precisamente aos mais jovens), para dar uma ideia da quantidade de armadilhas que existem no mundo, armadilhas essas que na sua grande maioria só é possível evitar se estivermos enxertados em Cristo.

Quando falo de armadilhas, refiro-me a situações do quotidiano em que nos são feitas propostas que à primeira vista parecem completamente inofensivas. Esta sensação de inocuidade acontece porque muitas destas situações chegam até nós envoltas numa camuflagem que transmite a sensação de se estar a optar por uma coisa realmente positiva, mas após uma análise mais cuidada das referidas situações, constata-se que afinal não havia nelas nada de bom.

É devido a um discernimento muitas vezes deficiente, que muitos jovens acabam por alinhar em situações que os conduzem a caminhos sombrios e consequentemente levam a um afastamento de Deus e da realidade por Ele prometida. Por este motivo aproveito para dizer que todas as nossas escolhas transportam consequências, daí que antes de tomar decisões convêm medir bem as consequências dos nossos actos.

Quero com isto também dizer que não é através do que o mundo tem para nos oferecer que nos iremos sentir completos. Só quando repousamos em Deus é que nos sentimos completos e encontramos a harmonia desejada, tal como dizia Santo Agostinho: "Fizeste-nos para Vós Senhor e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousa em Vós."

No seguimento desta linha de ideias, começo por contar um pouco da minha história…, quando já frequentava o secundário, posso dizer que foi nesta altura que senti o cerco a começar a apertar. Primeiro surgiram as saídas à noite e com isso novas experiências, os anos foram passando e a vida que levava não me preenchia, apenas o surf (que ainda hoje continuo a praticar) me tranquilizava mas mesmo assim sentia que continuava a faltar algo. Este sentimento veio fazer com que um vazio começasse a crescer dentro de mim, dando lugar a questões sobre o sentido da vida, a efemeridade da mesma e por aí adiante.

Embora hoje em dia possa dizer que não é nas coisas do mundo que mato a minha sede, pois apenas e só Cristo me dá água viva. Há uns anos atrás, induzido em erro, procurei nessas mesmas coisas respostas e procurei por esse meio preencher o vazio que sentia. Escusado será dizer que esta procura me conduziu por um caminho onde as trevas se tornavam cada vez mais espessas e começava a sentir-me um pouco à deriva.

Graças ao sagrado e misericordioso Coração de Jesus, foi-me indicado o caminho para o Pai, Ele mesmo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Na sua infinita misericórdia, por Ele me foi lançada uma bóia de salvação, tal como se faz aos náufragos, coube-me a mim agarrar essa bóia e depois inspirado e fortalecido pela Sua Palavra consegui chegar a porto seguro: A Igreja de Cristo.

Resta-me apenas dar graças a Deus por me ter indicado o caminho e por me fortalecer através da Sua Palavra a trilhar este caminho de forma agradável aos seus olhos.

No baptismo somos chamados à santidade, temos a responsabilidade de viver e anunciar o Evangelho de Nosso Senhor, e quanto mais a sério tomamos a Boa Nova que Ele nos deixou, mais a nossa vida se transforma e se torna verdadeira vida.

Partilho um poema que escrevi poucos dias após o meu baptismo e que transmite e resume o que escrevi neste texto.

Estavas presente,

Mas não Te conseguia ver,

Nem tão pouco sentir ou mesmo ouvir

Quando chamavas por mim…

Estavas presente,

Sempre pronto a responder-me…

Mas eu nunca te chamei!

Até que um dia te senti e fui ao teu encontro,

Somente por tua vontade, logo Te encontrei.

A tua paz envolveu-me,

Por Ti me apaixonei.

Agora sigo-Te e sei,

Que contigo, viverei!