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Papa recusa “dinheiro sujo” e apela “à misericórdia”
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O Papa Francisco lembrou que “a Igreja não precisa de dinheiro sujo, mas de corações abertos à misericórdia de Deus”. Na semana em que recebeu no Vaticano o líder da Igreja Ortodoxa da Etiópia, o Papa manifestou apoio à Grécia pelo auxílio dado aos refugiados, lembrou os dez anos da encíclica ‘Deus Caritas est’ e visitou de surpresa um centro de recuperação para toxicodependentes.

 

1. A Igreja não precisa de “dinheiro sujo” que venha das mãos de criminosos. O recado foi deixado pelo Papa, durante a audiência-geral, no Vaticano, esta quarta-feira, 2 de março. Francisco refletia sobre uma passagem bíblica do Antigo Testamento quando, de improviso, defendeu que a Igreja deve rejeitar a ajuda dos que lucram explorando os outros. “Penso nalguns benfeitores da Igreja, com boas ofertas: ‘Tome esta oferta para a Igreja’. Mas esta oferta é fruto do sangue de tantas pessoas abusadas, maltratadas, escravizadas, com o trabalho mal pago. Eu diria a estas pessoas: ‘Por favor, leva de volta este cheque, queima-o’. O povo de Deus, isto é, a Igreja, não precisa de dinheiro sujo, mas de corações abertos à misericórdia de Deus”, garantiu.

O Papa, que nesta audiência-geral voltou a dar boleia a duas crianças, convidou depois os fiéis a evitarem o mal e praticarem o bem, lembrando os refugiados que “desembarcam na Europa e não sabem para onde ir”. Na reflexão que fez, sobre a misericórdia, Francisco assegurou que “Deus nunca nos renega”. “O mais malvado dos homens, a mais malvada das mulheres, ou o mais malvado dos povos, são todos seus filhos”, lembrou o Papa Francisco, sublinhando que isso dá “esperança” a todos os seres humanos, porque Deus não trata cada um segundo as suas culpas.

 

2. O Papa Francisco recebeu em audiência, na segunda-feira, dia 29 de fevereiro, o Patriarca Ortodoxo da Etiópia, Abuna Matias I. Francisco realçou que há mais a unir as duas Igrejas do que aquilo que as separa e sublinhou que a Igreja etíope é uma “Igreja de mártires desde o início e ainda hoje, devido à violência devastadora contra os cristãos e outras minorias no Médio Oriente e em algumas zonas de África”. O Papa aproveitou o encontro para fazer um apelo “aos que governam os destinos políticos e económicos do mundo, para que promovam uma coexistência pacífica baseada no respeito recíproco e na reconciliação, no perdão mútuo e na solidariedade”. Depois recordou a urgente valorização do papel da mulher e o problema da falta de água “com as suas graves repercussões sociais e económicas”.

A Igreja Ortodoxa da Etiópia separou-se da Igreja universal por altura do Concílio de Calcedónia, no século V, juntamente com a Igreja Copta e a Igreja Arménia, entre outras, com as quais está ainda hoje em comunhão.

 

3. O Papa manifestou apoio à Grécia e a todos os países que estão na linha da frente do apoio aos refugiados, pedindo uma ação “concertada” da comunidade internacional. “A Grécia e os outros países que estão na primeira linha prestam aos refugiados um apoio generoso, que precisa da colaboração de todas as nações: uma resposta concertada pode ser eficaz e distribuir com equidade os pesos”, declarou o Papa, no passado Domingo, 28 de fevereiro, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a recitação do Angelus.

Francisco começou por manifestar que tem “sempre presente o drama dos refugiados” que fogem das guerras e de situações “desumanas”. Mais de cinco mil refugiados encontram-se retidos no posto fronteiriço de Idomeni, no norte da Grécia, aguardando a decisão de quatro Estados balcânicos de instaurar novas quotas. Ainda na última semana, a Grécia e a Áustria entraram em desacordo sobre a crise migratória, por causa das medidas que visam controlar a entrada de refugiados. “É preciso avançar com determinação e sem reservas nas negociações”, defendeu o Papa.

Francisco manifestou depois a sua satisfação com as notícias sobre o “fim das hostilidades” na Síria, convidando todos os presentes a “rezar para que esta janela de oportunidade possa dar alívio a uma população sofredora e abra caminho ao diálogo e à paz tão desejada”.

No final, o Papa lembrou também a população das ilhas Fiji afetada pelo ciclone Winston, um dos mais fortes registados no arquipélago do Oceano Pacífico, rezou pelas vítimas e pediu por todos os que prestaram socorro.

 

4. O Papa Francisco considera que a primeira encíclica de Bento XVI, ‘Deus Caritas est’, trata de um tema que permite percorrer toda a história da Igreja, que é também uma história de caridade. “Esta caridade recebida e doada é o fulcro da história da Igreja e de cada um de nós. O ato de caridade, de facto, não é somente dar uma esmola para lavar-se a consciência, mas inclui uma atenção de amor dirigida ao outro”, frisou o Papa, na audiência aos participantes do Congresso Internacional sobre os dez anos da primeira encíclica do seu antecessor. “Caridade e misericórdia estão estreitamente ligadas, porque são o modo de ser e de agir de Deus: a sua identidade e o seu nome”, reiterou o Papa, neste encontro que decorreu sexta-feira, dia 26 de fevereiro.

Numa mensagem escrita aos participantes do congresso, o Papa Emérito Bento XVI lembrou que “não existem barreiras para a caridade, cuja missão interna é precisamente fazer sentir a bondade de Deus além de qualquer fronteira”. “Ninguém é indiferente aos olhos de Deus”, garantiu o autor da encíclica ‘Deus é Amor’.

 

5. O Papa Francisco fez uma visita surpresa, na tarde de sexta-feira, 26 de fevereiro, ao centro de recuperação para toxicodependentes San Carlo, nas proximidades de Castelgandolfo. No contexto dos “sinais jubilares” de testemunho das obras de misericórdia, o Papa visitou a instituição voltada para o trabalho de recuperação de dependentes de drogas, que acolhe atualmente 55 utentes. Francisco quis estar junto dos jovens, ouvir as suas histórias e fazer com que cada um pudesse sentir a sua proximidade. O presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Arcebispo Rino Fisichella, acompanhou a visita: “O Papa Francisco não deixa de surpreender. A sua viagem ao México foi caracterizada por uma forte e inequívoca denúncia em relação ao narcotráfico. As suas palavras claras permanecem como um eco inconfundível. Poucos dias após o seu regresso torno da viagem ao México, o Papa quis ser novamente um sinal concreto e visível daquilo que havia dito na Catedral da Cidade do México”.

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