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Roma
Uma Igreja em “forma de uma casa acolhedora”
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Os bispos portugueses participaram na audiência-geral de quarta-feira, onde o Papa apelou a uma Igreja acolhedora. Na semana em que favoreceu a rapidez dos processos de nulidade dos matrimónios, Francisco pediu que cada paróquia acolha uma família de refugiados e deu uma entrevista à Rádio Renascença.

 

1. O Papa Francisco pediu que a Igreja e as suas instituições sejam uma “casa acolhedora”, com as portas abertas a todos. Na audiência-geral de quarta-feira, 9 de setembro, na tradicional catequese, o Papa Francisco abordou a ligação entre a família e a comunidade cristã. “No Evangelho, a assembleia de Jesus tem a forma de uma família, e de uma família de acolhimento, não de uma seita exclusiva, fechada. Encontramos por lá Pedro e João, mas também quem tem fome e sede, o estrangeiro, o perseguido, a pecadora e publicano, os fariseus, as multidões: Jesus não deixa de os acolher e de falar com todos”. Nesse contexto, o Papa pediu que a Igreja tenha “a forma de uma casa acolhedora”, sempre com as portas abertas. “As igrejas, as paróquias e as instituições com as portas fechadas, não se deveriam chamar igrejas, deveriam chamar-se museus”. Francisco sublinhou ainda que esta “aliança é crucial” contra os centros de poder ideológico, político e financeiro. “Coloquemos as nossas esperanças nesses centros de amor, evangelizadores, ricos em calor humano, baseados na solidariedade e na participação”.

O Papa saudou os bispos portugueses, que se encontram em visita ad limina, durante a audiência pública desta quarta-feira, onde os prelados marcaram presença. “Caríssimos peregrinos de língua portuguesa, saúdo-vos a todos, em particular os bispos de Portugal, que vieram em visita. Obrigado por terem vindo à audiência”, referiu.

 

2. Favorecer “não a nulidade dos matrimónios, mas a rapidez dos processos” – é este o pilar das duas Cartas Motu Proprio do Papa Francisco, intituladas ‘Mitis Iudex Dominus Iesus’ e ‘Mitis et Misericors Iesus’, divulgadas nesta terça-feira, 8 de setembro, sobre a reforma do processo canónico para as causas de declaração de nulidade no Código de Direito Canónico e no Código dos Cânones das Igrejas Orientais. As normas entram em vigor a 8 de dezembro, início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

É a preocupação pela salvação das almas, escreve o Papa, que levou o Sucessor de Pedro "a oferecer aos bispos este documento de reforma" sobre as causas de nulidade do matrimónio. Francisco reitera que o matrimónio é "fundamento e origem da família cristã" e que a finalidade do documento não é favorecer a "nulidade dos matrimónios, mas a rapidez dos processos”. Isto também porque "pelo enorme número de fiéis que, embora desejem pacificar a sua consciência, são muitas vezes desviados das estruturas jurídicas da Igreja por causa da distância física ou moral". Portanto, "processos mais rápidos e acessíveis", tal como foi também solicitado no recente Sínodo sobre a Família, explica Francisco, para evitar que "o coração dos fiéis que aguardam o esclarecimento do próprio estado não seja por muito tempo oprimido pelas trevas da dúvida”.

As causas de nulidade continuam "a ser tratadas por via judiciária, e não administrativa" para "tutelar ao máximo a verdade do sagrado vínculo". Para a rapidez, passa-se a apenas uma única sentença em favor da nulidade executiva, e portanto já não mais uma dupla decisão favorável. Entre as causas de nulidade está também a "falta de fé que pode levar à simulação do consenso ou o erro que determina a vontade". O Bispo diocesano é juiz na sua Igreja particular, e ele deve estabelecer um tribunal, daí a necessidade de que tanto "nas grandes dioceses como nas pequenas", o bispo não deixe completamente delegada aos secretariados da cúria a função judiciária em matéria matrimonial.

 

3. O Papa renovou o apelo para o acolhimento de refugiados. No passado Domingo, 6 de setembro, na Praça de São Pedro, Francisco pediu "que cada paróquia, comunidade religiosa, mosteiro, santuário da Europa acolha uma família". O Papa acrescentou que o pedido começará por ter efeito bem perto: "Também as duas paróquias do Vaticano irão acolher por estes dias duas famílias de refugiados”.

Segundo o Papa, "perante a tragédia de dezenas de milhares de deslocados que fogem da morte pela guerra e pela fome procuram uma esperança de vida, o Evangelho chama-nos e pede-nos que sejamos próximos dos mais pequenos e abandonados". "Não basta dizer: 'Coragem, paciência'. A esperança cristã é combativa com a tenacidade de quem vai em direção a uma meta segura", acrescentou.

Francisco lembrou que se aproxima o Jubileu da Misericórdia e sugere: "Dirijo um apelo às paróquias, às comunidades religiosas, aos mosteiros e aos santuários de toda a Europa para exprimirem o lado concreto do evangelho e acolherem uma família de refugiados, um gesto concreto como preparação do ano Santo da Misericórdia”. O Papa deixou votos de que os bispos da Europa apoiem este seu pedido nas várias dioceses, "recordando que a misericórdia é o segundo nome do amor".

Entretanto, presente em Roma na visita ad limina, o Cardeal-Patriarca de Lisboa garantiu que os bispos portugueses estão “completamente disponíveis” para acolher refugiados. “Foi muito bom que lhe tivéssemos feito essa referência, porque ele [o Papa Francisco] depois esclareceu: ‘Quando eu digo o acolhimento paroquial, quero dizer que o ideal seria que em cada paróquia uma família tomasse conta de uma família imigrante. Não quer dizer pô-la na sua casa ou levá-la para a residência paroquial, mas sim garantir condições de alojamento e de acompanhamento, família a família’. No que diz respeito às nossas famílias católicas faremos todo o possível para estar com elas nesse sentido”, garantiu o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente.

 

4. O Papa Francisco concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Renascença, que vai ser transmitida esta segunda-feira, 14 de setembro, às 9h00, com repetição às 19h00. O Papa aceitou o convite da jornalista e vaticanista da Renascença, Aura Miguel, para uma conversa aos microfones da rádio. Foi o próprio Papa quem entregou em mão a Aura Miguel o envelope onde estava agendada a data da entrevista, pedida desde o início do Pontificado. No envelope estava escrita a data e a hora do encontro – 8 de setembro, às 11h00. O Papa teve o cuidado de perguntar: “A data é oportuna?”, revelou a jornalista.

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