22.06.2014
Papa |
A uma janela de Roma
“A Igreja uma família aberta a toda a humanidade”
O Papa falou da Igreja. Na semana em que foi anunciado que o Prémio Ratzinger vai ser entregue pela primeira vez a uma mulher, Francisco lembrou o desafio de a Igreja ser mãe, visitou um grupo de pobres, pediu ação em vez de palavras e deixou um desejo para o futebol.
1. A Igreja é o tema do novo ciclo de catequeses do Papa Francisco nas audiências-gerais de quarta-feira. “Hoje começo um ciclo de catequeses sobre a Igreja. É um pouco como um filho que fala da própria mãe, da própria família. A Igreja não é uma instituição com um fim em si própria ou uma ONG, nem muito menos se deve restringir ao clero e ao Vaticano... A Igreja é uma realidade mais ampla, que se abre a toda a humanidade e que não nasce num laboratório, improvisamente, do nada. É fundada em Jesus Cristo mas é um povo com uma história longa e uma preparação que tem início muito antes de Jesus”, referiu o Papa, na quarta-feira, 18 de junho.
No final da audiência, Francisco lançou um apelo para o drama dos refugiados: “Depois de amanhã, 20 de junho, ocorre o Dia Mundial do Refugiado, que a comunidade internacional dedica aos que são obrigados a deixar a sua própria terra para fugir dos conflitos e das perseguições. O número destes irmãos refugiados está a crescer e, nestes últimos dias, outros milhares de pessoas foram levadas a deixar as suas casas para se salvarem. Milhões de famílias refugiadas de tantos países e de todos os credos religiosos vivem nas suas histórias dramas e feridas que dificilmente poderão ser sanadas. Estejamos próximos delas, partilhando os seus medos e incertezas pelo seu futuro e aliviando concretamente os seus sofrimentos”.
2. A biblista francesa Anne-Marie Pelletier, especialista em hermenêutica e exegese bíblica, vai ser distinguida a 22 de novembro com a quarta edição do Prémio Ratzinger, considerado o Nobel da Teologia, que pela primeira vez é atribuído a uma mulher. “A professora Pelletier é uma personalidade de forte relevo no catolicismo francês contemporâneo, que une a um prestigiado mérito científico e a uma grande e versátil vivacidade cultural uma verdadeira dedicação a causas muito importantes pelo testemunho cristão na sociedade”, justificou o presidente do comité científico da Fundação do Vaticano ‘Joseph Ratzinger-Bento XVI’, cardeal Camillo Ruini.
3. O Papa alertou, num encontro com responsáveis pela pastoral da Diocese de Roma no passado dia 16, que a Igreja não é uma organização não-governamental (ONG) bem organizada. “O grande desafio da Igreja hoje é ser mãe. Mãe. Não uma ONG bem organizada com muitos planos pastorais e tudo mais. Mas isso não é o essencial, pode ser uma ajuda, a quê? Ao lado maternal da Igreja. Se a Igreja não é mãe fica uma solteirona. Não é fecunda. A sua identidade é ter filhos, ou seja, evangelizar. A identidade da Igreja é esta. A Igreja, como disse Bento XVI, não cresce por proselitismo; cresce por atração, por atração materna. Cresce por ternura. Mas está um bocado envelhecida a nossa mãe Igreja. Devemos rejuvenescê-la. Mas não fazendo-lhe uma operação plástica. Não, não, a Igreja torna-se mais jovem, quantas mais vezes maternal for”, garantiu.
Neste mesmo dia de segunda-feira, o Papa Francisco recebeu em audiência o Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, líder espiritual da Comunhão Anglicana. “Dou graças a Deus que, enquanto discípulos enviados para curar um mundo ferido, nos encontramos lado a lado, com perseverança e determinação, na oposição a este grande mal”, disse o Papa.
4. O Papa Francisco visitou no Domingo, 15 de junho, a Comunidade de Santo Egídio, em Roma, e encontrou-se com um grupo de pobres que recebe apoio daquela comunidade. “A Europa está cansada. Temos de a ajudar a rejuvenescer, a encontrar as suas raízes. Renegou as suas raízes; temos de a ajudar a reencontrá-las. O mundo sufoca sem diálogo. Mas o diálogo só é possível a partir da própria identidade. Não posso fazer de conta que tenho outra identidade para dialogar, é preciso dialogar sem negociar a própria identidade”, manifestou.
De manhã, na oração do Angelus, o Papa mostrou-se preocupado com o aumento da violência no Iraque, deixando o desejo de segurança e paz para o povo iraquiano. Francisco anunciou ainda que vai visitar a Albânia, numa viagem marcada para o dia 21 de setembro, para testemunhar o seu encorajamento a um país que “sofreu por causa das ideologias do passado”.
5. O Papa insistiu na necessidade de combater a pobreza e pediu menos conversa e mais ações. Na audiência à Confederação Nacional da Misericórdia de Itália e a um grupo de dadores de sangue, na Praça de São Pedro, no sábado, dia 14, Francisco alertou para os que até conhecem a realidade, mas nada fazem. "Demasiadas palavras, demasiadas palavras, demasiadas palavras, mas não se faz nada. É um risco", alertou. “Temos à nossa disposição tanta informação e estatísticas sobre a pobreza e os problemas humanos. Há o risco de ser um mero espectador bem informado, mas afastado destas realidades com discursos agradáveis, que não são mais do que soluções verbais sem olhar para os problemas reais”, disse. O Papa ressalvou depois que não era esse o caso das suas visitas: “Não é o vosso caso, vós trabalhais e bem”. E continuou: "O que serve são as obras, as vossas obras, o vosso testemunho cristão de ir até junto dos que sofrem, aproximar-se como fez Jesus”. “Obrigado, obrigado de novo a todos vós pelo que fazeis. Obrigado!", terminou Francisco.
6. Que o Mundial de Futebol seja uma “festa da solidariedade entre os povos”. Este é o desejo manifestado pelo Papa, numa mensagem-vídeo divulgada a 12 de junho, primeiro dia do campeonato realizado no Brasil. Francisco afirma que é preciso superar o racismo e que o futebol deve ser uma escola de construção para uma “cultura do encontro”, que permita a paz e a harmonia. “Pensemos na lealdade, na perseverança, na amizade, na partilha, na solidariedade. De facto, são muitos os valores e atitudes fomentados pelo futebol que se revelam importantes, não só no campo, mas em todos os aspetos da existência, concretamente na construção da paz. O desporto é escola da paz, ensina-nos a construir a paz”, refere a mensagem do Papa.
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