Quase no fim deste quarto capítulo da Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, o Papa Francisco, ao refletir sobre a dimensão social da evangelização, sublinha que a evangelização “implica também um caminho um caminho de diálogo” e aponta três campos de diálogo onde a Igreja deve estar presente: “o diálogo com os Estados, com a sociedade e com os outros crentes que não fazem parte da Igreja católica”. “Em todos os casos, observa, ‘a Igreja fala a partir da luz que a fé lhe dá’, oferece a sua experiência de dois mil anos e conserva sempre na memória as vidas e sofrimentos dos seres humanos”, refere, citando também o Papa Bento XVI num discurso à Cúria Romana, em 21 de dezembro de 2012.
“A Igreja proclama o Evangelho da Paz e está aberta à colaboração com a todas as autoridades nacionais e internacionais para cuidar deste bem universal tão grande”. Exemplo desta afirmação ofereceu-nos o próprio Papa Francisco no recente gesto pela paz realizado com os representantes do Médio Oriente, após a sua visita à Terra Santa. “Ao anunciar Jesus Cristo, que é a Paz em pessoa, a nova evangelização incentiva todo o batizado a ser instrumento de pacificação e testemunha credível duma vida reconciliada”. “É hora de saber como projetar, numa cultura que privilegie o diálogo como forma de encontro, a busca de consenso e de acordos, mas sem a separar da preocupação por uma sociedade justa, capaz de memória e sem exclusões”, acentua o Papa Francisco.
Sublinhando que “o cuidado e a promoção do bem comum da sociedade compete ao Estado”, Francisco alerta para o facto de, nas circunstâncias atuais, este papel exigir “uma profunda humildade social”. Porém, refere, “no diálogo com o Estado e com a sociedade, a Igreja não tem soluções para todas as questões específicas. Mas, juntamente com as várias forças sociais, acompanha as propostas que melhor correspondam à dignidade da pessoa humana e ao bem comum”.
Diálogo entre a fé, a razão e as ciências
Na continuidade do seu pensamento, Francisco salienta que o “diálogo entre a ciência e fé também faz parte da ação evangelizadora que favorece a paz”. “A fé não tem medo da razão; pelo contrário, procura-a e tem confiança nela, porque ‘a luz da razão e a luz da fé provêm ambas de Deus’ e não se podem contradizer entre si”, garante, citando o Papa João Paulo II. “Toda a sociedade pode ser enriquecida através deste diálogo que abre novos horizontes ao pensamento e amplia as possibilidades da razão. Também este é um caminho de harmonia e pacificação”, observa.
O diálogo ecuménico
“A credibilidade do anúncio cristão seria muito maior se os cristãos superassem as suas divisões e a Igreja realizasse ‘a plenitude da catolicidade que lhe é própria naquele filhos que, embora incorporados pelo Batismo, estão separados da sua plena comunhão”. Por isso, salienta o Papa argentino, “devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos e peregrinamos juntos. Para isso, devemos abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças”, exorta referindo, ainda, que “o ecumenismo é uma contribuição para a unidade da família humana”.
As relações com o judaísmo
Segundo Francisco, deve-se dirigir “um olhar muito especial” ao povo judeu. A Igreja e o povo judeu partilham uma parte importante das Escrituras Sagradas e por isso o Judaísmo não pode ser considerado como “uma religião alheia. Lamentando as “terríveis perseguições” a que foram sujeitos os “filhos de Israel”, Francisco sublinha que “há uma rica complementaridade que nos permite ler juntos os textos da Bíblia hebraica e ajudarmo-nos mutuamente a desentranhar as riquezas da Palavra, bem como compartilharmos muitas convicções éticas e a preocupação comum pela justiça e o desenvolvimento dos povos”.
O diálogo inter-religioso
Entre estes diálogos apontados pelo Papa Francisco insere-se também o diálogo inter-religioso que implica “uma atitude de abertura na verdade e no amor”, “apesar dos vários obstáculos e dificuldades, de modo particular os fundamentalismos de ambos os lados”. “Este diálogo inter-religioso é uma condição necessária para a paz no mundo”, garante Francisco, salientando ser, também, “um dever para os cristãos e também para outras comunidades religiosas”.
“Neste diálogo, sempre amável e cordial, nunca se deve descuidar o vínculo essencial entre diálogo e anúncio, que leva a Igreja a manter e intensificar as relações com os não-cristãos”. Por outro lado, Francisco alerta para o facto de que “a verdadeira abertura implica conservar-se firme nas próprias convicções mais profundas, com uma identidade clara e feliz, mas ‘disponível para compreender as do outro’ e ‘sabendo que o diálogo pode enriquecer a ambos’”. Neste sentido, e quase a terminar este quarto capítulo da Exortação, o Papa adverte para “a grande importância” da relação com os crentes do Islão, hoje presentes em muitos países de tradição cristã.
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