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A uma janela de Roma
Papa apela ao fim da guerra na Síria
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O Papa Francisco falou do dom da sabedoria e condenou o homicídio de um padre na Síria. Na semana em que foi anunciado o local onde o Papa vai celebrar a Missa da Ceia do Senhor, o Papa distribuiu Evangelhos de bolso, aprovou a manutenção do Banco do Vaticano e encontrou-se com a rainha Isabel II.

 

1. De improviso, e no seu já habitual estilo de diálogo direto com os peregrinos, o Papa recorreu, na audiência-geral da passada quarta-feira, dia 9 de abril, a exemplos concretos do dia-a-dia para perguntar o que é e como se manifesta, afinal, a sabedoria que pode vir de Deus: “Pensem numa mãe, em casa com as crianças, em que uma faz uma coisa e outra faz outra, e a pobre mãe corre para todo o lado, com os problemas dos miúdos… E quando a mãe se cansa e grita com as crianças, pergunto-vos: gritar com as crianças é sabedoria? Que me dizem: sim ou não? Não! Pelo contrário, quando a mãe pega no filho e o corrige docemente e lhe diz: ‘Isso não se faz, por isto, e por isto…’, e lhe explica com muita paciência… isto é sabedoria de Deus? Sim! É o que nos dá o Espírito Santo na vida!”, observou Francisco, prosseguindo: “Depois, no casamento, por exemplo, os dois esposos – marido e mulher – discutem e, depois, não olham um para o outro, ou então olham com ‘cara de pau’?... isto é sabedoria de Deus? Não! Se, em vez disso, se diz: ‘Vá lá… passou a tempestade, façamos as pazes e recomecemos a avançar em paz’: isto é sabedoria? Este é o dom da sabedoria!”.

Ainda durante esta audiência pública no Vaticano, o Papa condenou o assassinato de um padre jesuíta na Síria, Frans van der Lugt, sacerdote holandês, de 75 anos, que estava naquele país há quase 50, e que foi morto a tiro na segunda-feira. Francisco apelou ao fim da guerra na Síria, que já dura há 3 anos, e pediu mais empenho aos responsáveis sírios e à comunidade internacional para que ponham fim à violência e cuidem da população “necessitada de assistência humanitária”.

Na audiência-geral foi também abençoada uma cruz feita com madeira de barcos naufragados em Lampedusa. A cruz, de 2 metros de altura, um metro e meia de largura e 60 quilos, foi benzida pelo Papa e vai agora em peregrinação por toda a Itália, até ser colocada na igreja de Santo Estêvão, em Milão. O objetivo desta iniciativa é fazer com que o drama dos imigrantes ilegais africanos nunca seja esquecido.

 

2. O Vaticano anunciou, esta terça-feira, que o Papa vai presidir à Missa da Ceia do Senhor, em Quinta-feira Santa, com o tradicional lava-pés, num centro de reabilitação para pessoas com deficiência e idosos, em Roma. Depois de em 2013 ter celebrado o início do Tríduo Pascal numa prisão juvenil da capital italiana, Francisco vai deslocar-se, este ano, ao Centro Santa Maria della Provvidenza, da Fundação Don Carlo Gnocchi.

A Sala de Imprensa da Santa Sé adianta que a celebração, na igreja do centro, vai contar com a presença dos utentes, acompanhados pelos seus familiares, bem como do pessoal e dos responsáveis pela instituição. O centro é uma estrutura que oferece cuidados e assistência sanitária a pessoas desfavorecidas, com serviços de reabilitação para deficientes e uma residência para idosos.

 

3. Depois da oração do Angelus do passado Domingo, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa anunciou a prometida distribuição aos peregrinos de um Evangelho de bolso. Foram oferecidos milhares de exemplares para reforçar a importância de ler a Palavra de Deus, que está disponível em vários meios. “Hoje podemos ler o Evangelho em diversos instrumentos tecnológicos. Podemos ter acesso à Bíblia inteira no telefone ou num ‘tablet’… o importante é ler a Palavra de Deus, com todos os meios, e acolhê-la de coração aberto”. O Papa Francisco desafiou os peregrinos que receberam este Evangelho de bolso de graça a retribuírem com um ato de caridade.

No discurso dessa manhã, o Papa referiu também a preocupação da epidemia do vírus da ébola que surgiu na Guiné, e lembrou que no dia seguinte, se assinalavam 20 anos do genocídio no povo Tutsi no Ruanda. A este propósito, o Papa Francisco pediu determinação e esperança para se continuar o processo de reconciliação naquele país africano.

 

4. O Papa aprovou uma proposta para a manutenção em funcionamento do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), conhecido como Banco do Vaticano. De acordo com um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, o organismo, apesar de não ser extinto, “vai continuar a ser alvo de supervisão regular” por parte da Autoridade de Informação Financeira do Vaticano. A Santa Sé realça que “o IOR vai continuar a funcionar com sensatez e a fornecer ajuda financeira especializada à Igreja Católica, a nível internacional”.

 

5. O Papa Francisco recebeu em audiência a rainha Isabel II e o seu marido, o duque de Edimburgo. Esta foi a primeira vez que os dois se encontraram, embora a rainha já tenha tido audiências com quatro Papas anteriormente. Francisco e Isabel II reuniram-se em privado e não foi divulgado o conteúdo da conversa. O que se sabe é que o Papa ofereceu à rainha uma cruz montada numa esfera, à imagem daquela que os soberanos britânicos recebem na sua coroação. Segundo a Santa Sé, o presente é para o príncipe Jorge, bisneto e herdeiro de Isabel II. Por sua vez, a rainha ofereceu ao Papa uma garrafa de whisky e carne de veado, bem como um cabaz de produtos britânicos, alguns produzidos nos jardins do Palácio de Buckingham.

O primeiro Pontífice a receber Isabel no Vaticano foi Pio XII, ainda antes de se tornar rainha. Em 1962, já coroada, foi recebida por João XXIII. Em 1982 fez história ao receber o Papa João Paulo II no Reino Unido. O Papa polaco foi o primeiro a ir ao Reino Unido, o que se tornou particularmente significativo depois da reforma protestante. Mais tarde, no ano 2000, foi a vez de João Paulo II retribuir a hospitalidade e receber a rainha em Roma. Em 2010 fez-se história novamente com a visita de Bento XVI a Inglaterra e à Escócia, para uma visita oficial que incluiu um discurso no Parlamento em Londres. Desde que foi coroada, a rainha apenas não se encontrou pessoalmente com João Paulo I, que morreu muito pouco tempo depois de ser eleito.

O encontro entre Isabel II e Francisco foi duplamente significativo, uma vez que a rainha não é apenas chefe de Estado mas, também, chefe da Igreja Anglicana.

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