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Os Arquivos da Igreja: Memória e Identidade
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Cuidar os arquivos da Igreja pode parecer um contra-senso, uma ausência de prioridades, em estruturas em que a pastoral é o seu múnus por excelência, em que a união com Cristo é a sua missão fundamental (Lumen Gentium, 3). 

Acresce a este facto, um tempo marcado pela afirmação de um modo de estar em sociedade centrado no usufruto imediato de bens e numa lógica do lucro, tendo por consequência o actual quadro económico e financeiro em que as pessoas têm de ser a prioridade por excelência. Neste aspecto, e no quadro da sua missão caritativa, a Igreja teve e tem um papel fundamental. Qual será, então, a importância dos arquivos da Igreja? Em que aspectos, e sobre que fundamentos, se poderá dizer que urge preservá-los e enquadrá-los numa pastoral da Cultura?!

A novidade do Cristianismo, realidade vivida em Cristo que se faz presença continuada na história da humanidade, faz-nos perceber que a Fé, dimensão plena de beleza e mistério, é perpassada pelo testemunho de homens e mulheres que, na sua acção e testemunho, foram Cristo para os outros. A importância pastoral dos arquivos radica no facto de eles serem o lugar de memória das comunidades cristãs e de terem a particularidade de registar o percurso feito pela Igreja ao longo de séculos, em cada uma das realidades que a compõem, cultivando a memória da sua vida e dando eco da sua dimensão evangelizadora. Como diria Paulo VI, nos arquivos eclesiásticos são conservados os traços do transitus Domini na história dos homens.

Coincidindo no reconhecimento da importância do património histórico-cultural da Igreja enquanto repositório das fontes do desenvolvimento das comunidades cristãs, nas suas acções de carácter litúrgico e sacramental, educativo e assistencial, realizadas ao longo dos séculos e ainda hoje actuantes; e no reconhecimento da importância e necessidade da transmissão enquanto memória da evangelização e instrumento de pastoral, ousemos descobrir-nos nesta radicalidade de procurarmos ser, de há dois milénios para cá, rostos de Cristo. Na verdade, uma instituição que esquece o próprio passado, dificilmente consegue configurar a sua função entre os homens dum determinado contexto social, cultural e religioso. Nesse sentido, os arquivos, conservando os testemunhos das tradições religiosas e da praxis pastoral, têm uma intrínseca vitalidade e validade. Eles contribuem de maneira eficaz para fazer crescer o sentido da pertença eclesial de cada uma das gerações (Cf. IGREJA CATÓLICA. Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja – Os Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Paulinas, 2000, p.79.).

E se é verdade que a expressão da fé através da cultura e de uma cultura que ilumina a fé é um campo que avança lentamente, também é verdade o que nos disse João Paulo II ao referir que uma fé que não se transforma em cultura é uma fé mal assumida, mal compreendida e não completamente vivida.

Sejamos capazes e audazes de actuar junto do nosso património documental para testemunharmos, com propriedade, esta dimensão que perpassa a nossa história e identidade: a nossa vocação de Filhos de Deus.


Itinerário Temático – As Sacristias

No passado dia 7 de Março, o Centro Cultural do Patriarcado, através do Serviço de Investigação e Promoção Cultural,  realizou mais uma iniciativa formativa inserida na lógica dos Itinerários Temáticos. Desta vez o tema centrou-se nas Sacristias. Participaram cerca de 56 pessoas que tiveram a oportunidade de, na parte da manhã, assistir a duas conferências pela Drª Cátia Teles e Marques e pela Drª Sandra Costa Saldanha. Sacristias monumentais ou arquitectónicas e Obras notáveis da escultura setecentista nas Sacristias das Igrejas de Lisboa, foram os temas apresentados. Ainda durante a manhã realizou-se a visita à sacristia de S. Vicente de Fora. Depois do almoço, o itinerário continuou pela actual igreja do Hospital de São José (antiga sacristia do Colégio Jesuíta), visita à sacristia da Sé Patriarcal, onde tivemos a presença e participação do Sr. Cón. Manuel Lourenço. O itinerário terminou pelas 17h30 com a visita à sacristia da Igreja de Sta. Catarina (Paulistas).


Vai Acontecer

III Curso Livre de História da Arte Religiosa

No próximo dia 1 de Abril o Serviço de Investigação e Promoção Cultural do Centro Cultural do Patriarcado de Lisboa, vai dar início ao III Curso Livre de História da Arte Religiosa. Depois da Iconografia Cristã e do curso sobre as Alfaias Litúrgicas, o tema deste III Curso centra-se na Imaginária Religiosa em Portugal.

Destinado a todo o público interessado nesta temática o, programa do curso procura ser uma resposta a uma síntese que é necessário fazer: um estudo sistematizado sobre a imaginária religiosa nas várias regiões do país bem como a sua influência e presença noutros países.

Estamos certos de que poderá ser uma excelente oportunidade para aprofundar conhecimentos e também propor um olhar atento sobre a imaginária tão presente nas nossas igrejas.

Conta com um vasto leque de investigadores que orientarão as 8 sessões programadas.

As informações poderão ser pedidas ao Centro Cultural do Patriarcado, no Mosteiro de São Vicente bem como através do email cursoimaginaria@netcabo.pt.

No endereço bensculturais-patriarcadolisboa.blogspot.pt encontrará um link que remete para o novo endereço onde se encontram todas as informações em pormenor bem como as fichas de inscrição.

 

 


Ricardo Aniceto, Arquivo Histórico do Patriarcado
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