Dar aos outros o que temos de bom e gratuito, nos gestos de solidariedade e evitando o discurso da inevitabilidade, é sem dúvida a missão do cristão.
Viver plenamente o Domingo como dia de festa no Senhor é sempre uma oportunidade para desenvolvermos as capacidades de que somos dotados, pondo a render os nossos talentos num espírito de humanismo cristão.
A Família em Festa
Num ambiente de grande convívio e reflexão, ocorreu em Fátima no passado mês de Outubro as Jornadas Nacionais de Pastoral Familiar, reunindo participantes de todos os pontos de Portugal continental e ilhas, este ano com o tema A Família em festa no dia do Senhor.
Trazemos aqui apenas alguns tópicos dos temas destas Jornadas que têm um carácter nacional e que tomam lugar anualmente em Outubro, atraindo as atenções e participação de todos os que se interessam e empenham pelas questões da Família.
1. Oradores
Do leque variado de intervenções destacamos a reflexão de Frei José Joaquim da Silva Morgado (OFM-CAP) sobre O Domingo, primeira e mais original festa da comunidade cristã: “Nós não podemos viver sem o domingo”, alertava-nos Frei Morgado. E acrescentava que muitos dos nossos originais “cristãos, mas não praticantes” de hoje, também dirão isto, mas noutro sentido: Nós não dispensamos o Domingo, para o podermos juntar ao sábado e sair até qualquer sítio para descansar… e regressar na segunda ao trabalho mais cansados e a dizer novamente ‘nunca mais é sábado!’
São as festas pagãs que predominam, paganizando as festas cristãs! Domingo, dia do Sol, cristianizado como Dia do Senhor, para a maioria dos estatisticamente “cristãos” é o dia de ir dar uma volta para ver o Sol… “E o Natal…?! E Páscoa…?!”, perguntava-nos Frei Morgado.
Destacamos ainda a intervenção de Joaquim Franco, jornalista da SIC que abordou o tema O Domingo numa sociedade em mudança: mentalidades, ritmos e ritos.
Esta reflexão muito marcadamente na óptica sociológica despertou-nos para várias realidades: Estamos a assistir a um atentado social em nome do deus do dinheiro porque esta sociedade de hoje quer-nos fazer acreditar que só há uma forma de saborearmos a vida, num discurso de inevitabilidade: “valorizar mais o tempo para o trabalho e menos tempo para as relações”, porque o domingo é agora relativizado pela economia na lógica da gestão de recursos empresariais e da competitividade.
“Andamos padronizados”, dizia-nos o jornalista Joaquim Franco, mas sublinhava que “ser cristão é viver em permanente inquietação, resguardando a dignidade humana da vida”. Por isso apontou-nos o valor do domingo como muito mais do que uma experiência de fé, porque como pausa da vida, pode ser caminho para as coisas do alto. Então abre-se espaço para a solidariedade que em Igreja é multifacetada, para todos os homens sem excepção, até porque a crise económica que estamos a viver pode ser uma oportunidade para revalorizar a relação.
“Estamos condenados à relação” afirmava Joaquim Franco, porque “somos animais sociais e o homem é incompleto quando está isolado”.
Daqui partiu para um outro aspecto que desenvolveu com enorme interesse: o tempo e a sua utilização, levando-nos a tomar consciência do valor de uma relação gratuita e desinteressada, preservando o tempo para o gratuito.
“Como interpretar a tendência de reduzir o tempo para o gratuito, aumentando o tempo para o económico?” Questionava o orador. Somos mais do que pensamos ser: somos as nossas palavras, os nossos actos, os nossos silêncios e a nossa inércia, mas também somos a oportunidade. Daí que, preservar o tempo para o gratuito, seja uma urgência.
“Temos de compreender que não há crescimento económico eterno” alertava Joaquim Franco. Estamos a construir uma sociedade com menos tempo para o gratuito e afirma-se o desequilíbrio na balança que pesa o tempo para o gratuito e o tempo para o económico. Como tal, reduzir o tempo para o gratuito não é um caminho seguro e isso tem um forte impacto na família: menos oportunidade de reencontro, de partilha de emoções.
O tempo disponível para o gratuito é um bem demasiado precioso para ser posto em causa por questões económicas. O trabalho não é tudo e preservar a família é dar-lhe tempo, valorizando o sábado, o domingo e os feriados, como dias santos de guarda.
“A religião é inseparável da política”, concluía este jornalista, “mas a Igreja tem uma proposta de humanismo que é única”. Por isso há que motivar os cristãos ao empenho por esta causa nobre, defendendo a vida em toda a sua dimensão, nas condições dignas de vida, no silêncio do voluntariado, nas Misericórdias, nas IPSS, na ação social paroquial.
Outra intervenção de grande interesse foi a do Pe. Francisco José Martins do Secretariado da Pastoral Familiar de Aveiro, que abordou o tema O Domingo na Pastoral Familiar, desafios e linhas de força. Este orador apresentou muito da sua experiência pessoal na coordenação da Pastoral Familiar a nível diocesano e paroquial, como uma pastoral que se afirma a nível transversal em cada estrutura paroquial, ou seja, como parte integrante de uma pastoral geral.
“A Pastoral Familiar abarca toda a realidade da família”, afirmou o orador, pelo que todos os cristãos se devem sentir chamados a este serviço, não a partir do ambão pelas palavras do seu pároco, mas como um chamamento do próprio Cristo e da sua Igreja. E que cada um assim ponha a render os seus talentos.
Achámos muito interessante esta abordagem, que por coincidência toca no âmbito do Programa Pastoral que o Sector da Pastoral Familiar de Lisboa está a desenvolver no corrente ano, despertando as comunidades para todo um conjunto de realidades que é preciso ter presente para ir ao encontro das necessidades de cada paróquia.
2. Testemunhos
No segundo dia de trabalhos desta Jornada Nacional, a manhã desenvolveu-se com o painel: A Família Renasce pela Fé.
Três casais fortemente integrados nas respectivas comunidades e Movimentos deram o seu testemunho e partilha de experiências próprias sobre os temas Renascer pela água e pelo Espírito; Gestos festivos e construtores de comunhão; Descobrir a família como igreja doméstica.
Não resta dúvida de que estes testemunhos, sempre na primeira pessoa, foram muito interpelativos e ilustrativos do que é viver em família, quando se tem de tomar opções que acabam por arrastar todos os elementos da família. Mas o que daí resultou foi a partilha de que por maiores que sejam as tormentas que cada família tenha de enfrentar, a força da fé em Deus nosso Salvador é a diferença para que cada um possa atravessar a pé enxuto o mar vermelho da sua vida.
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Conselho Diocesano de Outono dos CPM- Lisboa
Realizou-se no passado sábado, dia 27 de Outubro em A-dos-Cunhados, o Conselho Diocesano de Outono dos Centros de Preparação para o Matrimónio da Diocese de Lisboa. Neste encontro os Centros CPM da Diocese de Lisboa, foram representados pelos Srs. Assistentes, casais responsáveis ou seus substitutos.
Este encontro que se realiza na nossa Diocese de Lisboa duas vezes por ano, sendo um espaço de troca de partilha de opiniões e experiências entre os casais CPM, foi a oportunidade dos Centros CPM trocarem impressões sobre o trabalho realizado e as dificuldades sentidas neste Ano Pastoral que terminou.
Ficaram as expectativas serenas e conscientes na alegria de receber os noivos que ousam ainda casar na Igreja.
O Conselho Diocesano terminou com um lanche oferecido pela equipa CPM anfitriã.
O CPM é uma associação de fiéis, que tem por objetivo a preparação de noivos para o Matrimónio, sempre na fidelidade à doutrina da Igreja, através de uma pedagogia e metodologia próprias, assentes na revisão de vida e no testemunho de vida de casais católicos, assistidos por Sacerdotes e/ou Diáconos e apoiados na reflexão e diálogo conjugais.
Contacto dos Centros de Preparação para o Matrimónio Diocese de Lisboa: cpm.lisboa@gmail.com; http://www.ecclesia.pt/cpm-lis/
Catequese doméstica: Cristo-Rei A Igreja celebra a solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo fora do domínio de ordem temporal, mas no seu amplo e verdadeiro contexto litúrgico e teológico: Cristo é efectivamente Rei, mas numa ordem diferente da temporal, como Ele mesmo afirmou. O princípio “hierárquico” da Igreja consiste no próprio Cristo, que nela age quando os ministros ordenados fazem ou concedem algo que por si mesmos não fariam ou concederiam: a celebração dos sacramentos e o inerente ensinamento da verdade de Deus. Somos chamados a perceber que o Senhor se identifica com os pobres, os que não têm casa, os presos, os doentes e a ter para com eles um gesto de entrega, de abertura no amor de Deus, porque na vinda final o julgamento que recairá sobre nós terá como referencia o bom ou mau acolhimento que tivermos dado a todos eles, que são o próprio Cristo, Rei do Universo. (cf. Mat 25, 31-46) O que significa dizer “Venha a nós o Vosso Reino”? Quando na oração do Pai Nosso rezamos “Venha a nós o Vosso Reino” o nosso coração, a nossa vontade, os nossos sentimentos elevam-se a Deus pedindo que Cristo venha, que esteja connosco tal como prometeu e que o império de Deus que já nos foi dado a conhecer, se imponha definitivamente. “O Meu Reino não é deste mundo” (Jo 18, 36) Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou na Terra o Reino dos Céus. O triunfalismo não O seduz e com aqueles que convocou em volta de si fundou a sua família, na qual podemos entrar pelo poder da fé. “O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17) mas enquanto insistirmos nos nossos planos terrenos e renunciarmos às coisas do alto, continuaremos a afastar-nos de Deus, da sua casa e do seu Reino. Assim a Terra nunca se tornará no Céu. O exercício diário para vivermos o Reino de Deus é por um lado a oração e por outro, a vida no amor de Deus, porque “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2, 4). Na oração do domingo de Cristo-Rei a liturgia apresenta-nos um hino de louvor a Jesus Cristo, Nosso Senhor, que oferecendo-se no altar da cruz como vítima de reconciliação, consumou o mistério da redenção humana, submetendo ao seu poder todas as criaturas e ofereceu à infinita majestade de Deus um reino eterno e universal: reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz. Nada mais bonito do que tornar solene o encerramento de cada ano litúrgico com esta celebração do domingo dedicado a Jesus Cristo Rei do Universo. Porque a realeza de Cristo reflecte-se na Igreja, não no seu esplendor e forte presença social, mas na vivência da justiça e da caridade.
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