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Cristãos são o grupo religioso mais perseguido
Intolerância religiosa: o mapa da vergonha
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Todos os anos são assassinados mais de cem mil cristãos em todo o mundo. É uma estatística terrível, que se cumpre todos os dias, em todas as horas, a cada momento. De cinco em cinco minutos, um cristão morre, violentamente, fruto da intolerância, do fundamentalismo, da ignorância. É preciso denunciar isto ao mundo, é preciso dizer que em demasiados países do mundo não há liberdade religiosa.


Estamos perante um verdadeiro massacre. Os números da intolerância religiosa que se abate todos os anos sobre os cristãos não deixam margem para dúvidas: não há grupo religioso mais perseguido e a violência só consegue ser entendida no fanatismo e no fundamentalismo. Em muitos países no mundo, alguém assumir-se como cristão pode significar condenação social, prisão, violência, terror e, tantas vezes, a própria morte.

Nestas páginas vamos referir sete países onde os cristãos são perseguidos. Podíamos falar em muitos mais. Estes sete países são apenas exemplo da discriminação religiosa.

 

Nigéria
No dia de Natal, uma série de atentados bombistas em igrejas provocou mais de quatro dezenas de mortos e um número indeterminado de feridos. Os ataques foram reivindicados por uma seita islâmica, a Boko Haram, que lançou entretanto um ultimato para que os cristãos abandonem o norte do país, maioritariamente muçulmano, fazendo prever o risco de eclodir uma guerra civil. No último fim-de-semana, diversos ataques deixaram mais um rasto de sangue. A Nigéria é o país onde há mais cristãos na África subsariana e, apesar de todas as tentativas de diálogo entre líderes islâmicos e cristãos, a verdade é que o ruído das bombas se sobrepõe ao eco das palavras. A Boko Haram não desiste de instaurar a sharia, a lei islâmica, no país.

 

China
Apesar de estar consagrada na Constituição do país, a liberdade de culto na China só é tolerada em igrejas autorizadas pelo Governo. As que escapam a esse controlo são reprimidas. Por isso, há uma Igreja Católica “clandestina”, por se manter fiel a Roma, e que terá mais de 8 milhões de fiéis. Estes cristãos põem à prova a sua coragem e fé, sendo obrigados a celebrar as missas em segredo, pois se forem descobertos podem arriscar demasiado. O ensino religioso e a vivência da fé na Igreja fiel ao Papa podem significar, para milhares de chineses, o internamento em campos de reeducação pelo trabalho. Apesar de toda a repressão, nos últimos anos tem-se verificado o aparecimento de cada vez mais igrejas cristãs num claro desafio à autoridade ditatorial de Pequim.

 

Índia
Os cristãos são uma ínfima minoria na Índia. Apenas 30 milhões num universo de mais de mil milhões de habitantes, ou seja, somente 2,5 % da população. Nos últimos anos, têm sido vítimas de ataques violentos, assassinatos, perseguições, apesar de serem responsáveis por um notável trabalho a nível de ensino e no desenvolvimento de obras sociais no país. A violência que se tem abatido sobre os cristãos não poupa ninguém. Sacerdotes, religiosas, leigos… são feridos, espancados, há violações e nem sempre as forças da ordem actuam, o que aumenta ainda mais a sensação de impotência e de medo. Muitas vezes, os ataques verificam-se perante a recusa das comunidades cristãs em converterem-se ao hinduísmo. Na última década, tem crescido esta onda de repressão e violência contra os cristãos, mas, ao mesmo tempo, há cada vez mais conversões.

 

Coreia do Norte

Governada com mão de ferro, agora pelo filho do auto-proclamado “querido líder”, na Coreia do Norte nenhuma discordância com a linha oficial é tolerada. No país mais fechado do mundo até a religião é proibida. Que o digam os cristãos. Cerca de 70 mil estarão em campos de concentração. Crime? Terem sido denunciados por possuírem algum exemplar da Bíblia em casa, ou serem descobertos a rezar, clandestinamente, em pequenos grupos. Tudo isso é suficiente, na Coreia do Norte, para se passar o resto dos dias na prisão, ou para uma impiedosa condenação à morte. Num relatório da Comissão de Liberdade Religiosa dos Estados Unidos, que monitorizou este país, na Coreia do Norte “ter fé em Deus é considerado um acto de espionagem”.

 

Paquistão
Asia Bibi, condenada à morte por blasfémia, é talvez o maior símbolo da repressão e perseguição a que os cristãos têm sido alvo neste país. Em Março do ano passado, a história da intolerância religiosa no Paquistão ganhou contornos ainda mais preocupantes com o assassinato do Ministro para as Minorias, o cristão Shabaz Batthi, alvejado a tiro por um grupo terrorista com ligações à Al-Qaeda. Os cristãos não representam mais do que 1,6 % da população total do Paquistão. Também por isso vivem dias de terror e de incerteza. A Lei da Blasfémia tem provocado um clima de fanatismo para com as minorias. Um observador da Human Rights Watch afirmou mesmo que se está a viver “uma situação de terror no país”.

 

Egipto
Os cristãos coptas são apenas 10 % da população. Querem viver a sua fé em paz, mas os últimos tempos têm sido de medo, de violência, sangue e morte. Igrejas são atacadas à bomba e os radicais islâmicos parecem apostados em persegui-los e eles pedem ajuda. Após a queda do regime ditatorial de Hosni Mubarak, o Egipto foi chamado a eleições. Até agora, os resultados das urnas apontam para a vitória da Irmandade Muçulmana e dos radicais salafistas, que procuram a reposição da sharia como lei nacional. Por causa disto, são cada vez mais os cristãos que abandonam o Egipto. No ano passado, foram mais de cem mil… Fogem de um país em que os cristãos são considerados, na prática, como cidadãos de segunda.

 

Iraque
A comunidade siro-católica no Iraque já teve mais de 800 mil pessoas. Hoje não passam de 200 mil, menos de 1 % da população do país. Todos os dias há relatos de histórias em que estes cristãos são humilhados, sofrem actos de violência, vivem num mundo de medo, de terror. O Arcebispo Basile George Casmoussa, líder da comunidade cristã de Mossul, que até já foi raptado, fez um retrato dramático da situação no seu país: “Esta é a nossa terra, mas temos a sensação de que já não somos desejados aqui. Não nos querem cá. Só que não temos para onde ir!” A retirada das tropas internacionais, nomeadamente norte-americanas, que se completou nas últimas semanas, veio aumentar ainda mais o sentimento de insegurança entre os cristãos.

texto elaborado pelo Departamento de Informação da Fundação AIS
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