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No diálogo e no exemplo da partilha conseguimos transmitir aos mais novos o sentido de ser cristão. A missão é essencialmente o anúncio com alegria e convicção. Para tal é preciso desinstalarmo-nos e ir ao encontro do outro, pois a ninguém está vedado o caminho à superação, e à santidade. O segredo está em saber pôr o nosso coração em cada acção generosa e abri-lo aos outros.

Sair de si mesmo

Não há ninguém tão pobre que não possa dar algo aos outros. O valor de uma pessoa não se mede pela quantidade do que dá, mas pela alegria e generosidade que se manifesta em pequenos pormenores.

Quando se diz que a Família é uma unidade de pessoas que está permanentemente em missão, é porque a Família é o lugar onde se aprende e desenvolve o sentido de se dar aos outros.

Podemos dar de uma maneira simples: um sorriso na incompreensão, uma mão estendida na dificuldade, uma palavra de carinho na dor, ou ainda uma presença oportuna na solidão.

Um pai e uma mãe dão-se aos filhos pelo tempo de escuta que lhes dedicam e pela orientação dos valores que lhes transmitem. 

Desenvolver a missão da família é dizer a fé num lugar e num tempo, desenvolvendo capacidades de interpretação de todos os novos fenómenos sociais que se vão registando. Hoje ainda estamos muito longe de nos sentirmos todos responsáveis pela comunidade cristã, mas não podemos descurar que HOJE (em cada dia) é o momento de fazer nossa esta forma de ser e de estar em Igreja, caso contrário o Corpo de Cristo ficará deformado.

A ninguém está vedado o caminho à superação, à santidade, à perfeição, à auto-realização. Todos temos um coração capaz de gerar amor e compreensão, sejam quais forem as nossas capacidades.

O segredo está em saber pôr o nosso coração em cada acção generosa e abri-lo aos outros, quando abrimos as nossas mãos.

Nos vários encontros que o Sector da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa tem organizado, neste ano pastoral em vários pontos da diocese, temos procurado despertar a consciência de todos para o sentido do “dar” e “ensinar” as famílias no seu todo a que cada um saia de si mesmo com delicadeza, simplicidade, respeito e agradecimento. Temos de vencer o egoísmo e sentir vivamente a alegria de partilhar, de nos sentirmos úteis e auto-realizados.

A nossa vida entregue à tarefa de dar e de nos darmos, saindo de nós mesmos para ir ao encontro do nosso vizinho, do nosso colega de trabalho, do nosso parente que está mais distante do nosso coração, é uma tarefa que adquire uma dimensão transcendental.

Na família há um cuidado desinteressado pelos outros e sobretudo pelos membros mais débeis, sem esperar nada em troca, sejam crianças, idosos ou doentes. A gratuidade é uma experiência que assenta na autêntica experiência de amor e os pais hoje devem ter em mente que uma educação cristã pressupõe o amor que se dá sem nada pedir em troca. O pai paga ao filho para que ele tenha o seu quarto arrumado? O filho paga à mãe porque está a cozinhar o seu prato favorito? …

Os valores cristãos emanam do amor gratuito do Pai que amou tanto o mundo que enviou o seu Filho. Está aqui uma lógica de abundância na entrega gratuita, contraposta à lógica do que é equivalente, do rendimento, da mais-valia, do material, que domina as relações entre as pessoas e os países.

Cada um é diferente do outro e um filho não é igual ao outro. É com a sua originalidade e particularidade que comungam a reciprocidade na gratuidade, em que cada membro da família contribui com as suas características próprias na diversidade, mas na unidade.

Por isso o cristão é chamado por Jesus a viver e a encarnar a lógica da gratuidade e da generosidade, desenvolvendo uma presença profética num testemunho coerente.


O sentido do Jejum

“Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,

não fecheis os vossos corações” (Sl. 94)

A quaresma é o tempo apropriado para mudar de mentalidade e nos deixarmos guiar pela Palavra de Deus. São vários os sinais que nos vão ambientar para ajudar a expressar e a renovar atitudes que nos levem a uma maior vivência do Mistério Pascal na nossa vida. No primeiro dia da quaresma – quarta-feira de cinzas – recebemos as cinzas como um sinal do nosso pecado e da nossa finitude, mas é ao mesmo tempo um sinal de purificação, de disponibilidade e solidariedade para com os que passam privações. Por isso recebemos as cinzas e fazemos jejum nesta quarta feira.

A par da esmola e da oração, o jejum é uma forma de piedade, de penitência interior do cristão, que exprime a conversão em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. (CIC 1434).

O jejum de quarta-feira de cinzas, como privação voluntária, favorece a disponibilidade interior para a escuta de Deus, contribuindo para que possamos dar mais valor à Palavra de Deus, ao mesmo tempo que é um sinal de conversão do coração.

Então na quarta-feira de cinzas temos o preceito de fazer um jejum com mais sentido, mas cuja essência se prolongará por todo o tempo quaresmal. Neste tempo há que valorizar esta e outras iniciativas de desapego, renunciando a todas as comodidades e satisfações que são perfeitamente dispensáveis para se poder alcançar uma maior liberdade interior.

Desta forma, o jejum ritual ensinado aos mais jovens, torna-se sinal de fé e caminho de salvação para todo o nosso ser. Por outro lado, ao fazer jejum, ou seja, sofrendo um pouco de privação se renunciarmos a uma das refeições importantes do dia (claro que as crianças, idosos e pessoas doentes estarão dispensadas) estaremos a unir-nos àqueles que habitualmente sofrem a privação de alimentos ou de meios económicos.

O jejum torna-se assim num gesto simbólico necessário numa cultura cristã de partilha e de entrega em disponibilidade aos outros, numa luta contra a injustiça que nasce do egoísmo.  

 

Dia da Criança concebida

Um pouco por todo o mundo vai-se tomando a consciência da importância do dia 25 de Março em que a Igreja celebra a Anunciação do Senhor, nove meses antes do Natal. Neste dia em especial, damos graças a Deus pelo dom da vida e pedimos-Lhe por todos os pais que atentam contra essa vida que geraram.

Há pouco tempo a diocese de Lisboa associou-se à iniciativa de Bento XVI para uma Vigília que visava mobilizar as dioceses de todo o mundo para estarem em comunhão com o Santo Padre em oração pela defesa da vida, e da vida que está a nascer em cada um de nós, que é Jesus. Por isso a realização dessa Vigília do I domingo do Advento, para aprofundar em cada um de nós a consciência da responsabilidade que nos cabe para defendermos a vida.

A espera, o aguardar, é uma dimensão que atravessa toda a nossa existência pessoal, familiar e social. Num tempo em que tudo acontece no imediato (os transportes, as notícias por satélite, a comunicação por telemóvel e internet, o pega e larga do espírito de consumo e esbanjamento), a espera está presente em milhares de situações, que nos comprometem totalmente e no profundo. Pensemos na espera de um filho da parte dos pais; a de um parente ou de um amigo que nos vem visitar de longe; pensemos, para um jovem, na espera do êxito de um exame decisivo, ou de uma entrevista de trabalho; nas relações afectivas, a espera do encontro com a pessoa amada, da resposta a uma carta, ou de um pedido de perdão... Pode-se dizer que o homem está vivo enquanto espera.

Cada um de nós, portanto, pode-se perguntar: que coisa eu espero? E essa mesma pergunta se pode colocar no âmbito da família, da comunidade, da nação. O que aguardamos, em conjunto? Afinal o que une as nossas aspirações, o que nos junta?

Há uma misteriosa correspondência entre a espera de Deus e a de Maria. É com ela que temos de aprender a viver o dia-a-dia com um espírito novo, com o sentimento de uma espera profunda, que só a vinda de Deus pode preencher.

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