Lisboa |
Encontro da Quaresma do Departamento da Pastoral Sócio-Caritativa
“A nossa vocação é sermos os novos bons samaritanos”
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O Patriarca de Lisboa desafiou as instituições sociais da Igreja a “humanizar o ser humano” e a serem os “novos bons samaritanos”. D. Rui Valério encontrou-se com 200 agentes da Pastoral Social, de cerca de 70 instituições, na manhã desta sexta-feira, dia 11 de abril, no Centro Diocesano de Espiritualidade, no Turcifal. “A Igreja era diminuída sem as nossas instituições”, garantiu.

Após fazer uma reflexão sobre as origens bíblicas do Jubileu, o Patriarca deixou um alerta: “Hoje, perdeu-se o sentido da realidade total do ser humano. Hoje, o ser humano sobre o qual se foca, ou se está focado – e vou dizer isto em latim, porque é a expressão que se usa –, é no chamado Homo technologicus. É na eficiência, é na capacidade de produzir, é na prestação, é na competência da pessoa. Isto, hoje, é o que é peso, é valor. Tudo aquilo que excede esta coisa, a doença, a crise do ser humano, a sua depressão, a sua ‘inutilidade’, porque já não produz… estou a ser, assim, trágico, não é, mas a sociedade não sabe o que é que há de fazer com isso. Porque aquilo que está a surgir como decisivo, em termos de consideração do ser humano, é a sua eficiência, a sua capacidade de produzir, a sua competência”.

Desta forma, para D. Rui Valério, o “grande desafio” que a Igreja tem, hoje, “entre mãos” é “humanizar o ser humano”. “Quando o Papa Francisco, no ano 2016, instituiu um ano extraordinário do Jubileu sobre a Misericórdia, um dos seus propósitos era este: era olhar para o homem caído, era olhar para aquele pobre que estava na estrada a sanguentar e que passaram por lá uns tantos e que não tiveram tempo para ele, até que chegou o Bom Samaritano. Hoje, o grande desafio que se coloca é esta força da Igreja de, nós todos, sermos este Bom Samaritano, que, reparem nisto, era um homem de negócios e, portanto, para ele, à partida, todo o outro só interessava se fosse cliente, mas ele encontra um que não era cliente, antes pelo contrário. Um homem caído que, primeiro, o obrigou a que o seu preciosíssimo tempo fosse dedicado a ele, e depois, ao que parece, também gastou dinheiro com ele, porque aquilo que o Bom Samaritano deixou na hospedaria não podia ficar a render ou não foi uma aplicação. Hoje, ser hospital de campanha, que é aquilo que é a nossa vocação, que é sermos estes novos bons samaritanos”, convidou o Patriarca, durante o Encontro da Quaresma 2025, organizado pelo Departamento da Pastoral Sócio-Caritativa do Patriarcado de Lisboa.

No encontro desta manhã, no auditório do Centro Diocesano de Espiritualidade Imaculado Coração de Maria, no Turcifal, D. Rui Valério pediu ainda colaboração aos agentes de Pastoral Social. “A nossa missão não só é necessária, ela é crucial, hoje, para a reatualização da própria mensagem evangélica. Portanto, ajudem-nos a nós, pastores, que estamos aqui vários sacerdotes, a que o ano jubilar seja verdadeiramente um compromisso com a humanidade e com a sociedade”, convocou.

 

Escuta

No final da intervenção do Patriarca de Lisboa, o encontro prosseguiu com a partilha espontânea de testemunhos, após o qual D. Rui Valério agradeceu as palavras e destacou a importância da escuta. “Quero agradecer a vossa capacidade de testemunhar e anunciar, aqui, uma das práticas que hoje é fulcral para qualquer caminho cujo propósito seja a caridade, que é a capacidade da escuta. Pusemo-nos à escuta de uma palavra única, que, no entanto, assumiu tantos rostos. Tudo isso, realmente, é necessário e requisito como essencial, a escuta. A escuta para que o anúncio seja feito, a escuta para que a solidariedade naquele sentido de uma comunhão profunda com a circunstância que a pessoa vive também é indispensável”, manifestou o Patriarca, terminando o encontro com um pedido especial: “É preciso fazer o bem, bem”.

 

Caminho conjunto

Na abertura do encontro, onde participaram os membros das comunidades cristãs que estão envolvidos na Pastoral Social (Instituições, Misericórdias, Cáritas, Vicentinos, Pastoral da Deficiência, Pastoral da Saúde, Pastoral das Prisões, Catequese, Voluntários, etc.), o diretor do Departamento da Pastoral Sócio-Caritativa do Patriarcado de Lisboa, Manuel Girão, começou por enaltecer a elevada participação do que apelidou de “a família da Pastoral Social”.

“É muito bom nós percebermos a importância de nos encontrarmos, porque as nossas dificuldades são semelhantes, na área dos recursos humanos, na relação com o Estado, na dificuldade do licenciamento, nesta dificuldade de articulação com a Segurança Social, todos estes desafios que todos temos, nas nossas casas, mas percebermos que não estamos sozinhos, ou seja, que podemos juntos, e se nos ajudarmos, vamos conseguir resolver todas estas questões”, salientou o responsável, que é também diretor geral na Santa Casa da Misericórdia da Amadora.

Manuel Girão partilhou depois o caminho que a Pastoral Social do Patriarcado empreendeu para o ano jubilar, nomeadamente a peregrinação da Cruz da Caridade pela diocese, “junto daqueles que não podem viver o Jubileu nas suas comunidades, nas suas paróquias, alguns reclusos, outros doentes, pessoas em situação de sem-abrigo, deficientes, migrantes”. “Temos levado a Cruz do Jubileu a todas estas realidades e temos conseguido testemunhos de grande qualidade”, referiu.

O diretor diocesano desta pastoral convocou ainda todas as instituições sociais à participação no Jubileu da Caridade, no dia 6 de junho, no Carvalhal, com a presença do Patriarca de Lisboa. “A ideia é fazer um grande encontro da Pastoral Social, e de toda a realidade da Pastoral Social nesse dia, que será um dia de convívio, de partilha e de oração”, revelou.

A fechar o encontro no auditório, este responsável anunciou ainda que está a ser preparada, com o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, uma formação/sensibilização sobre segurança nas instituições. “Esta ação com a PSP será em local a indicar e tentaremos que seja entre maio e a primeira quinzena de junho. Apelamos a que todos se façam representar, porque é um tema muito importante na proteção daqueles que estão ao nosso cuidado”, frisou Manuel Girão.

 

“A Igreja era diminuída sem as nossas instituições”

Na Missa que se seguiu, o Patriarca de Lisboa assegurou que Deus está sempre com cada instituição. “A experiência mais adversa que possamos ter, nós ou as nossas instituições, nunca são suficientemente poderosas para nos aniquilar, porque Deus está connosco. O grande convite, e o grande desafio, é que Deus esteja verdadeiramente contigo. Aceita Deus na tua vida, na vida da tua instituição. Que Deus não fique de fora da nossa vida, da nossa missão, da nossa realidade”, desejou.

Na capela principal do Centro Diocesano de Espiritualidade, D. Rui Valério garantiu ainda, no final da manhã, que “as nossas instituições são parte integrante da identidade da nossa Igreja, da nossa comunidade cristã”. “A comunidade cristã, a Igreja, era diminuída sem as nossas instituições, sem a missão que as nossas instituições definem e desenvolvem. Porque, exatamente, nós não fazemos atuando um programa que vem não se sabe de onde. Nós fazemos o que somos, ou seja, uma prática de resgatados e de libertados”, apontou o Patriarca de Lisboa, desejando, no final: “Que todas as vicissitudes e todas as dificuldades ou bonanças que as nossas instituições atravessam, que sejam todas elas, e cada uma, um caminho para chegar sempre a Deus, que é Pai”.

 

Assembleia Geral da Federação Solicitude

Durante a tarde, o Centro Diocesano de Espiritualidade recebeu a Assembleia Geral da Federação Solicitude, com a presença de dirigentes e técnicos de instituições associadas, com vista à aprovação das Contas de 2024 e o debate de diversos assuntos de interesse geral.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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