O Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, visitou o Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, na manhã desta sexta-feira, dia 4 de abril, pedindo aos 1500 alunos para “transformarem a fé em obras”, sendo a primeira obra “o envolvimento na coisa pública, com os valores do cristianismo”.
A chegada do Patriarca de Lisboa ao Colégio do Sagrado Coração de Maria, pelas 10h30, foi acompanhada de uma chuvada. Devido à intempérie, D. Rui Valério não foi recebido no pátio da escola, como estava previsto, mas no hall da receção do pré-escolar, pelos mais pequenos, a quem cumprimentou com o tradicional bater de mão. “Estou muito feliz por estar nesta escola maravilhosa! Há 20 anos, estava no Alentejo e durante anos não choveu, os campos ficaram todos secos, os animais sem água… foi uma desolação. Por isso, a chuva é tão importante”, salientou, desde logo. Após a visita ao Colégio do Ramalhão, em Sintra, no passado dia 17 de março, o Patriarca visitou agora este colégio no centro da cidade de Lisboa. A receção ao Patriarca foi acompanhada pelas irmãs do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria (IRSCM) em Portugal, com o diretor pedagógico do colégio, Paulo Campino, a referir: “Somos peregrinos de esperança e semeadores de futuro. Procuramos semear uma semente nestes alunos, para depois dar fruto”. Após uma canção cantada pelas crianças, todos rezaram a oração da Avé Maria e três pequenos alunos ofereceram então a D. Rui Valério uma banda desenha com a história do instituto religioso, que foi feita pelos alunos. O Patriarca agradeceu a oferta e lembrou que o Colégio do Sagrado Coração de Maria está muito bem classificado no ranking nacional das escolas: “É um privilégio poder estudar neste colégio. Parabéns!”. Fazer as coisas acontecer A visita prosseguiu com uma passagem rápida por uma sala dos alunos mais pequenos, a partir dos 3 anos, e depois, na capela, com a Eucaristia, na presença de grande parte dos 1500 alunos, até ao 12.º ano, que frequentam a escola. No início da celebração, a superiora provincial do IRSCM agradeceu a presença do Patriarca de Lisboa e destacou a missão do colégio. “Senhor D. Rui, estamos comprometidos na vida da nossa diocese. Pode contar connosco”, assegurou. Nas suas primeiras palavras, o Patriarca frisou que “o altar são também as mãos de Deus” e convidou cada aluno a fazer “um pedido” e “um agradecimento” a Cristo. “Na República Centro Africana, a esta hora, 11h10 do dia 4 de abril, as meninas e os meninos estão, neste momento, à beira da estrada. Passam ali o dia, a ver se quem passa lhes dá qualquer coisa, porque não há escola, não há nada. Vamos agradecer a Deus o dom da escola, onde posso aprender”, pediu. Na homilia, D. Rui Valério salientou “a pergunta que surge quando temos 6, 7 anos: ‘Como é que tu gostarias que fosse o mundo?’ Uma escola prepara-nos para fazer esta pergunta e encontrar a resposta”. “A primeira coisa que eu mudava era o que está a suceder na Ucrânia, na Faixa de Gaza, na República Centro Africana, nos países onde há guerra e pobreza…”, partilhou. Procurando então responder à questão, o Patriarca salientou: “Para dar resposta, podem-se formar duas ‘equipas’: a do quero lá saber, é-me igual ao litro, em que a pessoa não se interessa e fica à espera que as coisas aconteçam, na sua poltrona, no sofá, nos videojogos ou na televisão; e há a resposta de quem não está conformado e sente que o mundo deve ser diferente, deve ser melhor, não fica à espera, mas faz as coisas acontecerem. Não sei onde jogariam… Vocês querem pertencer a que equipa? À segunda? Eu também! Já somos vários, não está tudo perdido”. Pelo amor Nesta reflexão com os alunos do Colégio do Sagrado Coração de Maria, D. Rui Valério recordou que o Evangelho escutado na celebração “falava que Jesus nunca perdeu a confiança, nem deixou de acreditar, em Deus e nas pessoas, no ser humano”. “Por muito que sejam pessoas más, que só geram conflitos”, assinalou. Neste sentido, “para acreditar sempre em Deus e em alguém”, reforçou, “só há uma forma: pelo amor”. “Só quando as pessoas amam alguém é que dizem: ‘Mesmo que tenhas fracassado, mesmo que faças asneiras, eu continuo a gostar de ti e confio em ti’. O pior para alguém é dizer: ‘De ti, já não espero nada’. É o não-amor”, observou. “Jesus nunca deixou de nos amar e foi por isso que veio à terra e vemos um Jesus que fala, que age, que faz acontecer as coisas. É isto a fonte da esperança e requer fé, confiança e amor”, acrescentou. O Patriarca de Lisboa terminou a homilia sublinhando “a grande mensagem da esperança”. “Há esperança no mundo se cada um de nós verdadeiramente, pujantemente, for e se tornar melhor”, concluiu D. Rui Valério. No final da celebração, o diretor pedagógico do colégio sublinhou a “alegria e gratidão” por receberem a visita do Patriarca. Paulo Campino referiu mesmo que era “um momento de bênção e comunhão”, que “fortalece no caminho da missão de educar à luz do Evangelho, inspirados pelo fundador Padre Jean Gailhac: educarmos para que todos tenham vida”. “Como escola católica, sentimo-nos família do Patriarcado de Lisboa. Educar é um ato de amor e caminho de santidade”, frisou este responsável. Matriz do cristianismo Após a Missa, decorreu no Auditório Padre Jean Gailhac um breve encontro com os alunos delegados da pastoral e com a equipa da pastoral, “que inclui não só os professores de EMRC (Educação Moral e Religiosa Católica) mas também de outras disciplinas”, como salientou o diretor pedagógico. Paulo Campino apresentou depois ao Patriarca de Lisboa o projeto educativo do colégio. “Jesus Cristo dá sentido a tudo o que fazemos. Somos um colégio unido ao Santo Padre e ao Bispo, que tem a matriz do cristianismo”, garantiu. Foi depois apresentado o Plano Pastoral do carisma do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria. “O carisma das irmãs é um tesouro que precisamos de partilhar. As nossas atividades são sempre para cuidar do coração”, frisou o responsável. Duas alunas partilharam depois com D. Rui Valério os diversos os momentos de oração, encontros de formação e interioridade que a escola organiza, mas também as campanhas solidárias, as ações de voluntariado, em Portugal e no estrangeiro, e as muitas atividades realizadas fora do espaço do colégio e que têm em vista o apoio social, o bem comum e a evangelização. Apresentaram ainda o movimento juvenil COMTigo, que reúne os jovens dos colégios deste instituto religioso, em Lisboa, Porto e Fátima. O encontro terminou com um momento de diálogo espontâneo do Patriarca de Lisboa com os alunos delegados, com D. Rui Valério a referir que “o paradigma de um cristão é dar a vida”. “A escola é o lugar onde aprendemos a maravilhosa arte do amor ao próximo”, apontou. No final, a presidente da Associação de Estudantes, Mariana, perguntou sobre os desafios aos jovens, ao que o Patriarca respondeu: “Para a Igreja e para a escola católica é a participação cívica. Vocês têm que perceber que se têm de meter na política e envolver no bem comum. Por isso, que a nossa fé se transforme em obras, sendo a primeira obra o envolver na coisa pública com os valores do cristianismo”. D. Rui Valério terminou assegurando que vai continuar a acompanhar “com a oração” o Colégio do Sagrado Coração de Maria. Depois, ofereceu a sua Carta Pastoral «Dai razões da vossa esperança», sobre a esperança cristã, e a medalha comemorativa da JMJ Lisboa 2023. A visita do Patriarca de Lisboa ao Colégio do Sagrado Coração de Maria terminou com um almoço com a direção do colégio.![]() |
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