O Patriarca de Lisboa benzeu e inaugurou as novas instalações do Apoio à Vida, situadas na Ameixoeira. A nova casa, que “é uma expressão da esperança e da confiança na vida”, está já a receber o atendimento que esta instituição presta às grávidas e, em breve, vai passar também a acolher as mães e os seus bebés.

 

Na tarde desta quinta-feira, 11 de abril, D. Rui Valério sublinhou a sua “alegria” pela defesa da vida. “A alegria brota pela certeza de que estamos a viver um momento germinal, naquele sentido de que é a partir de pouco fermento que se leveda toda a massa, e é a partir de um pequenino grão que é lançado na terra que depois desponta uma árvore de fruto com muitas espigas e com muito alimento para saciar a fome e também a sede que prolifera na cultura e na sociedade”, apontou.

Na presença do vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, e da presidente da União de Freguesias de Santa Clara (proveniente da fusão de duas freguesias: Ameixoeira e Charneca.), Maria da Graça Pinto Ferreira, além de membros da direção e colaboradores do Apoio à Vida, entre outros convidados e representantes de outras instituições, o Patriarca sublinhou ainda que a nova casa é “uma expressão da esperança e da confiança na vida”.

“Este é um dia especial, que tem também o seu quê de profético, na medida em que é uma expressão da esperança e da confiança na vida – esperança e confiança na vida! – quando vivemos numa cultura que está teimosamente a insistir e oferecer aos cidadãos a estrada e o rumo da morte. Quando no Parlamento Europeu se procede, pelo menos, a um debate acerca da inclusão do aborto numa constituição europeia, nós aqui estamos a lançar quase que uma voz profética, transformadora, uma voz exatamente germinal para a vida, no sentido de que é pela vida, a favor da vida e com a vida que Deus nos indica o caminho, mas sobretudo que a humanidade é uma humanidade que se acalenta na comunhão, na liberdade e na fraternidade. Que seja então este o espírito que nos orienta e nos anima”, desejou D. Rui Valério.

A nova casa do Apoio à Vida está situada, desde o final do ano passado, no n.º 129 da Estrada da Ameixoeira, na Alta de Lisboa, em instalações cedidas pelo Patriarcado de Lisboa e que antes eram ocupadas pelas Irmãs do Cottolengo, que, entretanto, deixaram a diocese.

 

Uma obra de Deus

O Patriarca de Lisboa deixou ainda uma palavra “a todas aquelas que encontrarão aqui um alento, uma força, para a sua decisão de dizerem sim à vida”. “Sejam aquelas que estão no presente, sejam aquelas que hão de ser a grande razão da criação desta casa”, referiu D. Rui Valério, não esquecendo “aqueles rebentos que serão, de certa forma, também filhos ou filhas de cada um de nós, exatamente pelo apoio que nós aqui lhes vamos prestar”.

Na presença do assistente espiritual e um dos fundadores do Apoio à Vida, padre Duarte da Cunha, o Patriarca de Lisboa benzeu depois as novas instalações da instituição na Ameixoeira, começando pela sala e zona comum, e percorrendo depois todos os quartos, divisões e corredores da casa. “Que a bênção de Deus desça sobre este lar que acolherá a vida, e sobretudo desça sobre quem nele vai colaborar, com Deus, na ação de promover, favorecer, defender e proteger a vida. E que desça sobre aqueles que aqui nascerão e aquelas que aqui encontrarão uma resposta firme, assertiva e cheia de esperança e confiança na vida”, rezou.

D. Rui Valério terminou a sua intervenção reforçando que o Apoio à Vida “é uma obra de Deus, é uma ação de Deus”. “Estamos a fazer história colaborando na construção da história da Salvação. Como dizia o velho Gamaliel [figura bíblica], ‘quando uma obra é de Deus, não há mão, não há poder, não há força que consiga destronar ou destruir’. Nós, obreiros de uma ação que Deus quer, temos a certeza do auxílio da sua graça e da proteção a todos aqueles que Deus, por Jesus Cristo, vai colocar no caminho e na vida de cada um de vós. Que o Senhor vos abençoe!”, terminou o Patriarca de Lisboa.

Após a visita e bênção de todos os espaços da nova casa, este momento de inauguração terminou na capela da instituição, com a Oração do Apoio à Vida, a que se seguiu a fotografia de família.

 

Mais de 5.000 grávidas ajudadas

O Apoio à Vida foi fundado em 1999 e, no ano em que celebra 25 anos, mudou-se para a Ameixoeira. “O Apoio à Vida existe para que nenhuma mulher se sinta sozinha face a uma gravidez inesperada”, salienta a instituição que ajudou, nestes anos, mais de 5.000 mulheres grávidas e suas famílias e que, em 2023, recebeu mais de 590 pedidos de ajuda.

“Todas as mulheres grávidas podem contar com apoio social, psicológico e de inserção profissional e beneficiar de diversos programas de acompanhamento, cujo objetivo é sempre a valorização e autonomia de cada mulher e da sua família”, explica esta IPSS que “teve início com uma pessoa, Teresa Seabra, e uma linha telefónica 24 horas num espaço emprestado” e “hoje tem 21 colaboradores, entre os quais uma equipa técnica de psicólogas e assistentes sociais disponíveis para acompanhar as mulheres grávidas em dúvida ou com qualquer dificuldade”.

“O Apoio à Vida oferece uma resposta integral através da sua equipa, de um Centro de Atendimento, Casa de Acolhimento Temporário (Casa de Santa Isabel), Departamento de Inserção Profissional e Escola de Capacitação (Escola de Talentos) e mantém uma linha telefónica disponível 24 horas, sempre atendida por um dos elementos da Equipa Técnica (resposta imediata às mulheres grávidas em dúvida ou dificuldade)”, salienta a instituição.