Ataques coordenados e deliberados
“De Tudun Mazat, os terroristas fulani desceram sobre Maiyanga, matando 13 pessoas. Cerca de 20 outras comunidades foram atacadas nessa noite”, explica o sacerdote. A primeira aldeia a ser varrida pelos Fulanis foi Mushu. Ainda era de noite. Pelo menos 18 pessoas foram aí assassinadas e várias ficaram feridas. Para o Pe. Andrew, que vive nesta região, não há dúvidas sobre a identidade dos atacantes nem sobre o alvo da violência. Foram ataques “bem coordenados e deliberados, visando especificamente comunidades cristãs”. O depoimento deste sacerdote é muito relevante. Ele vive na região, conhece estas aldeias e já falou com algumas das pessoas que sobreviveram aos ataques. “Todos foram categóricos em afirmar que se trata claramente de milícias fulani, ou de mercenários, como alguns relatos também alegaram.” A certeza das palavras do Pe. Andrew radica no facto de os atacantes terem escolhido os alvos quase casa a casa, pessoa a pessoa. “Nas comunidades onde os Cristãos vivem lado a lado com os Fulanis, não foi afectada nenhuma pessoa fulani e nenhuma casa fulani foi queimada, pelo que não há dúvida de que os atacantes eram fulani”, disse à Fundação AIS.
Conflito religioso e sentimento de revolta
Os pastores muçulmanos fulani são originários da região do Sahel, que em tempos foi habitável e tinha pastagens para os criadores de gado, mas que agora é praticamente um deserto, o que os levou a deslocarem-se cada vez mais para sul, para pastagens mais verdes. É nesta zona conhecida como cintura central que se registam estes ataques dos pastores fulani, procurando obter terras sem restrições e expulsando assim os habitantes locais que são maioritariamente cristãos. Para o responsável da comunicação da Diocese de Pankshin, o facto do ataque a estas aldeias ter ocorrido no Natal mostra também que este é um conflito religioso. “Este ataque prova que se trata claramente de um conflito religioso. O facto de ter ocorrido no Natal e o facto de visar deliberadamente os Cristãos numa comunidade mista, onde os Muçulmanos não são atacados, tem claramente todas as características de um conflito religioso. Sei que nem toda a gente gostaria de o admitir, mas, para mim, que estive no terreno a observar e a escrever sobre o assunto, tem as marcas de um conflito religioso.”
“Os santos inocentes” do séc. XXI
A presidente executiva internacional da Fundação AIS, Regina Lynch, denunciou logo este novo episódio de violência contra os Cristãos na Nigéria e recordou que o ano de 2023 foi particularmente dramático para esta comunidade religiosa. “O ano começou com o assassinato brutal do Pe. Isaac Achi, a 15 de Janeiro [queimado vivo num ataque à sua paróquia, Kafin-Koro, na Diocese de Minna], e terminou com a morte sem sentido de mais de 160 cristãos. Inúmeros outros perderam a vida devido à violência ao longo do ano. Apelamos ao Governo para que enfrente finalmente este problema e garanta a segurança dos seus cidadãos, e pedimos aos nossos amigos e benfeitores que continuem a rezar pela Nigéria, tal como nós nos comprometemos a continuar a ajudar da forma que pudermos”, afirmou. Para Regina Lynch, “os nossos irmãos e irmãs cristãos na Nigéria e noutros países do mundo são os ‘santos inocentes’ do séc. XXI”. “Estamos confiantes de que o seu sangue derramado como seguidores de Jesus será a semente de novos cristãos”, acrescentou. A Nigéria é um país prioritário para a Fundação AIS. Além dos terríveis conflitos causados pelos pastores nómadas fulani, os Cristãos são vítimas também, especialmente no norte do país, de ataques por parte dos terroristas do Boko Haram e do grupo Estado Islâmico da África Ocidental. Além da ajuda que é dada às comunidades cristãs, é importante também para a fundação pontifícia a sensibilização da opinião pública para esta situação que praticamente tem sido ignorada pela Comunicação Social. O ataque às 26 aldeias cristãs no estado de Plateau é também um exemplo do silêncio quase criminoso que se está a verificar. Houve quase 200 mortos e cerca de 300 feridos. Casas e colheitas foram destruídas, igrejas e centros de saúde incendiados. No entanto, nas rádios, nas televisões e nos jornais não houve uma linha sequer para isto, não se gastou um segundo a denunciar o que aconteceu. Duzentos cristãos mortos na Nigéria e não é notícia…. É por isso também que existe a Fundação AIS…
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