Domingo |
A Palavra nos sinais
(Também) vieram do Oriente
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EPIFANIA DO SENHOR
“Chegaram a Jerusalém
uns Magos vindos do Oriente.”
Mt 2, 1


Não eram magos, nem traziam presentes, nem buscavam o Salvador, mas, certamente, a salvação. O último filme do realizador inglês, “The Old Oak”, Ken Loach, já de 87 anos, segue a sua linha de intervenção no tratamento das questões sociais, ao contar a chegada de algumas famílias sírias a uma antiga vila mineira do norte de Inglaterra. Pobres que fogem da guerra encontram-se com pobres que o encerramento das minas originou. O espaço invadido, a xenofobia (hostilidade ao estrangeiro), a inveja do apoio dado aos que chegam, esquecendo os que já lá estavam, agudizam o conflito. Não há nenhum intuito religioso no filme, a não ser a manifestação de humanidade no pior e no melhor que se vai revelando, mas não consegui deixar de o ver no enquadramento do presépio e da festa da Epifania.

Os magos vieram de longe para adorar o Salvador, seguiram uma estrela, incomodaram Herodes que até lhes indicou Belém, encontraram o presépio, trouxeram presentes, regressaram por outro caminho. No filme, destacam-se dois personagens centrais: Yara, a jovem síria que serve de tradutora e fotografa “escolhendo ver o mundo com esperança”, e JT, o dono do pub que dá nome ao filme, e procura fazer pontes entre os que estavam e os que chegam. O presépio é a realidade pobre que ambas as comunidades vivem; uns fustigados pela guerra, outros abandonados pelo estado. Mas será esse encontro com a indigência comum, a partir da fome das crianças, que irá possibilitar “os presentes”, inspirado no lema antigo da cozinha comum nos tempos de greves e lutas: “Quando comem em conjunto, permanecem juntos”. Nos rostos e vivências fotografados por Yara, e projectados a preto e branco, há a nudez da humanidade comum onde todos se revêm, como se nos reconhecêssemos no Menino envolto em panos sobre as palhinhas.

O encontro com Jesus Cristo, que acontece sempre no verdadeiro encontro com outro, quando ele deixa de ser um inimigo, um estranho, ou alguém que tenho de vencer, indica-nos um outro e novo caminho. É caminho de conversão, não às ideias de cada um, mas ao amor de Deus que é maior do que o nosso coração. Outro caminho pessoalmente e também em comunidade. Só que não se fazem outros caminhos sem adversidades nem obstáculos. Assim no filme, e principalmente, na vida. Jesus, Maria e José também foram refugiados devido à ira de Herodes, e as crianças inocentes sucumbiram à sua selvajaria. Poderá apetecer desistir, mas a estrela da esperança não deixará de aparecer; mesmo em sinais dolorosos, que farão vir ao de cima a comunhão, vencedora da indiferença e do ódio. Não o tinha dito JT: “Se eu deixar de ter esperança, o meu coração deixará de bater”?

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