JMJ Lisboa 2023 |
As três Jornadas Mundiais da Juventude com o Papa Francisco
Estar com o Papa e ver uma Igreja viva
<<
1/
>>
Imagem

Três jovens de Lisboa recordam as três Jornadas Mundiais da Juventude com o Papa Francisco: Rio 2013, Cracóvia 2016 e Panamá 2019. António Baptista, Vasco Pinheiro e Carolina Borges asseguram que a JMJ Lisboa 2023 será “mais marcante” quanto “mais cedo e melhor” for preparada e destacam que “nada se compara” à “força e presença” dos jovens nessas cidades, durante a Jornada. “Não podemos ficar indiferentes”, consideram.

 

JMJ Rio 2013: António Baptista

Um “Papa sul-americano”, de “uma simplicidade apaixonante”

A primeira Jornada Mundial da Juventude (JMJ) com o Papa Francisco teve lugar no Rio de Janeiro, Brasil, de 23 a 28 de julho de 2013, pouco mais de quatro meses após a eleição do pontífice argentino, a 13 de março. António Baptista, hoje com 31 anos, esteve no Rio, tendo ficado alojado numa escola com jovens… argentinos. “Iam ser as primeiras Jornadas com um Papa não europeu e sul-americano! Um Papa sobre o qual se começavam a ouvir histórias impressionantes de proximidade às pessoas e de uma simplicidade apaixonante. Estar no Brasil com milhares de argentinos que estavam a dormir numa escola em Jacarepaguá como nós, permitiu ter uma sensação de proximidade à realidade do Papa”, recorda, ao Jornal VOZ DA VERDADE, este leigo da paróquia de Linda-a-Velha. Em 2013, António era aluno do Seminário Maior do Patriarcado de Lisboa. “A JMJ do Brasil decorreu no início das minhas primeiras férias como seminarista. Por nunca ter participado numa JMJ, mas ter as Jornadas Diocesanas da Juventude e demais encontros juvenis como marcos importantes na minha história de fé, pareceu-me uma ótima oportunidade participar e, ainda por cima, ir ao Brasil! Como tinha trabalhado antes de entrar no seminário, decidi usar essa poupança nas despesas da viagem”, conta.

O facto de ser seminarista permitiu a este jovem, então com 22 anos, participar na Missa do Papa com bispos, sacerdotes, religiosos e seminaristas, na Catedral de São Sebastião, no Rio de Janeiro. Uma celebração que guarda “preciosamente na memória”. “Não me lembro das palavras do Papa Francisco, mas quando a Missa acabou algumas poucas pessoas ficaram à espera de o encontrar à saída da sacristia e de o poder cumprimentar. Por sorte, também fiquei por ali e, quando o Papa saiu e passou muito perto de nós, ouvi alguém gritar: ‘Papa Francisco! Papa Francisco! ¡Tú me hayas ordenado!’. O Papa pára, olha para aquele sacerdote de Buenos Aires e, com o máximo de genuinidade na sua expressão, saúda-o com um grande sorriso”, partilha.

A JMJ Rio 2013 foi “uma experiência única” para António. “Tivemos a graça de ter participado na Pré-Jornada: uma semana antes da JMJ, vivemos com a comunidade da paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Nhunguaçu, na Diocese de Petrópolis. Além de termos sido acolhidos maravilhosamente, rezar diariamente e intensamente com a comunidade ensinou-nos a orar de um modo que, em Portugal, associamos a movimentos protestantes ou a seitas, porque são muito expressivos, até fisicamente. Sem este momento, não teria a porta do coração tão aberta ao Espírito Santo”, assume este bibliotecário/arquivista. As histórias vividas em terras brasileiras são muitas: “Lembro-me de o Miguel vir ter comigo maravilhado e dizer: ‘Onde é que eu, na minha vida, ia imaginar trocar de chapéu com um vietnamita?!’. Ou de a Teresa fazer formas em balões para toda a gente. Ou de confiar num chapéu de chuva minúsculo para abrigar a mim e à Mariana de uma chuvada e ventania na praia de Copacabana durante a Via Sacra…”

Hoje, António Baptista está casado, tem um filho pequeno e garante estar “muito expectante” em relação à JMJ Lisboa 2023. “Quero muito acolher e receber o melhor possível os peregrinos que vêm. E quero muito que o meu filho, que vai ter dois anos, possa experienciar também este encontro da Igreja. Não tenho dúvidas que para os jovens cristãos portugueses a JMJ será mais marcante quanto mais cedo e melhor a prepararem. Já hoje!”, desafia.

 

________________


JMJ Cracóvia 2016: Vasco Pinheiro

“Guardo um espírito jovem como nunca tinha visto”

Três anos após a Jornada do Rio, teve lugar a JMJ Cracóvia 2016, que decorreu de 26 a 31 de julho, na Polónia. Vasco Pinheiro, hoje com 24 anos, viveu em terras polacas a sua primeira Jornada Mundial da Juventude. “Guardo uma grande alegria e um espírito jovem como nunca tinha visto. Na altura, também fazia parte de algumas associações juvenis e nada se comparou à força e à presença dos jovens que se sentia naquela cidade. Eram jovens por todo lado, eram gritos de alegria, cânticos, eram sorrisos. Era muita alegria, mesmo”, descreve este jovem, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Vasco é da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica e fazia parte do grupo de jovens ‘Radicati in Christo’ (‘Enraizados em Cristo’), de que hoje é animador. “A ida à Polónia foi uma proposta lançada ao grupo, que abraçámos. Desde o primeiro momento, houve logo uma grande alegria, um grande ‘excitamento’, digamos assim, para podermos ter essa experiência, sempre à descoberta”, explica. Há mais de cinco anos e meio, da paróquia de Benfica, rumo a terras de São João Paulo II, partiu então um grupo de cerca de 40 jovens, integrados no Serviço da Juventude do Patriarcado. “A JMJ é sempre um momento em que reafirmamos a nossa fé. Percebemos que isto não é só o contexto da nossa paróquia, não é só o contexto de Portugal, é algo muito maior, e que Deus vive em todos, vive em cada um de nós e todos trazemos a nossa experiência, a nossa história, e ali celebramos, um pouco, a história de cada um”, manifesta este jovem, que viveu em Cracóvia a sua primeira (e, até agora, única) experiência de Jornada Mundial da Juventude.

Vasco trabalha em marketing, numa empresa de grande consumo, e diz que, “tal como qualquer jovem”, recebeu “com grande entusiasmo” a notícia de que Lisboa vai receber a JMJ em 2023, mas também assume que ficou “um bocado incrédulo”. “É difícil, depois de ter experienciado uma Jornada como a da Polónia, que teve muita, muita gente, imaginar uma cidade como Lisboa a receber tantos jovens e tanta gente ao mesmo tempo. Mas sem dúvida que foi uma ‘chapada de luva branca’ e perceber que é Deus a atuar, é Cristo que quis que também nós pudéssemos ter essa experiência e que todos os jovens de Portugal pudessem ter esta experiência. Foi extraordinário”, aponta. No caminho de preparação, Vasco é catequista e tem feito o projeto ‘Say Yes’, com os adolescentes. “Tem sido uma experiência diferente e um caminho longo, mas que tem corrido muito bem”, frisa. Ao mesmo tempo, foi nomeado responsável pelo COP [Comité Organizador Paroquial] das paróquias de Benfica e também da Boavista, na Vigararia Lisboa V. “Tem sido também uma experiência muito especial, que me obriga a sair da minha bolha do grupo de jovens e da catequese e ir atrás de outros jovens”, assinala Vasco Pinheiro, considerando ainda que a JMJ Lisboa 2023 vai ser “muito importante não só para a pastoral juvenil” do Patriarcado, como “para toda a pastoral de Lisboa e mesmo do país”. “Temos sempre a perceção de que a Igreja em Portugal está muito velha e que os jovens não se envolvem, mas os jovens têm uma grande força! E se há altura em que realmente a vão mostrar, vai ser agora, aqui, nesta Jornada. É importantíssimo para os jovens que a JMJ corra bem. É para isso que eles também estão a trabalhar”, assegura.

 

________________


JMJ Panamá 2019: Carolina Borges

“Aqueles jovens tinham a certeza de que Jesus está vivo!”

Foi “num local privilegiado” – o palco da Missa de envio da JMJ Panamá 2019 –, a “poucos metros do Papa Francisco”, que Carolina Borges ouviu que Lisboa iria receber a próxima Jornada Mundial da Juventude. “Lembro-me de estar super nervosa, a tremer, ansiosa pelo momento em que o Papa dissesse que era Lisboa. Foi uma alegria enorme! Foi tão bom que nem parecia real”, conta esta jovem, hoje com 22 anos, ao Jornal VOZ DA VERDADE, sublinhando que “foi muito marcante” poder fazer parte “do grupinho que foi lá para a frente saltar e fazer uma grande festa”. Carolina, da paróquia de Oeiras, participou na Jornada que se realizou, pela primeira vez, na América Central, entre 22 e 27 de janeiro de 2019. “Foi uma JMJ muito marcante. Estive na Pré-Jornada, durante uns dias, na Costa Rica, numa paróquia, e esse tempo foi muito marcante. Fomos acolhidos de uma forma muito próxima, e todas as pessoas com quem me cruzava na rua, fosse para pedir indicações ou outra coisa, diziam-me sempre: ‘Que Deus te acompanhe’. Era sempre a última coisa que me diziam. Isso, na altura, marcou-me muito”, recorda. Da Jornada em si, Carolina ficou marcada pela Missa de envio e pela noite da vigília, que “foram momentos muito fortes”, por “poder ver toda uma Igreja unida”. Algo que “também já tinha visto na JMJ de Cracóvia”, na sua primeira experiência. “Mas, no Panamá, vibrei mais com todo o ambiente”, reconhece, lembrando que o ‘bichinho’ das Jornadas surgiu com a JMJ Madrid 2011. “Quando foi a Jornada em Madrid, os jovens da minha paróquia foram, mas, na altura, eu tinha 11 anos e não pude ir. Cracóvia foi uma Jornada tão marcante e tão fora de tudo o que estava habituada, que pensei que tinha de ir às próximas. Assim que soube que era no Panamá, comecei a organizar-me, falei com os meus pais e comecei a juntar dinheiro. Tinha de ir, desse por onde desse”, testemunha. E assim foi. Hoje, passados precisamente três anos, Carolina confidencia que a JMJ Panamá 2019 “foi muito decisiva para a tomada de decisões muito concretas” na sua vida. “Na altura, estava um pouco perdida, estava muito em baixo, e ajudou-me muito ver todos aqueles jovens que estavam ali porque queriam e porque tinham a certeza de que Jesus está vivo e que as suas vidas têm que ser vividas com Ele. Aquelas pessoas saíram de casa para estar com o Papa e ver uma Igreja viva, jovem. Isto não nos pode deixar indiferentes”, observa.

Do caminho de preparação para a JMJ Lisboa 2023, Carolina Borges teve “a sorte e a graça” de participar, “a cantar”, na gravação do hino da Jornada. “Foi uma experiência espetacular”, garante. Esta jovem licenciada em História trabalha, desde que acabou a universidade, na equipa da pastoral dos Salesianos de Manique. “Na escola, estamos a tentar fazer uma caminhada com os alunos, para que eles se entusiasmem. Isto é para eles”, aponta. A 18 meses do evento, Carolina deseja apenas que a JMJ Lisboa 2023 seja um ‘despertador’. “Gostava muito que fosse um despertar, não para quem já está muito ativo, mas para quem está mais adormecido, especialmente agora, com a pandemia, com os jovens que se afastaram da Igreja. Que fosse um evento tão marcante que lhes desse, mesmo, a conhecer Jesus, na sua Igreja, e que possamos, todos, olhar para a Igreja jovem, ver o que está a acontecer e que isso mude alguma coisa em nós. Não podemos ficar indiferentes”, considera esta jovem.

textos por Diogo Paiva Brandão
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
O poema chama-se “Missa das 10” e foi publicado no volume Pelicano (1987). Pode dizer-se...
ver [+]

Tony Neves
Cerca de 3 mil Espiritanos, espalhados por 63 países, nos cinco continentes, anunciam o Evangelho....
ver [+]

Tony Neves
Deixei Cabo Verde, terra da ‘morabeza’, já cheio da ‘sodade’ que tão bem nos cantava Cesária Évora.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Talvez a mais surpreendente iniciativa do pontificado do Papa Francisco (onde as surpresas abundam)...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES