JMJ Lisboa 2023 |
Missa na Sé no encerramento da peregrinação dos Símbolos da JMJ no Patriarcado de Lisboa
“Somos com Cristo a sementeira de Deus”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa garantiu aos jovens que eles são “a semente que Deus lança ao mundo”. No encerramento da peregrinação dos Símbolos da JMJ no Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente escreve um artigo de opinião sobre ‘A JMJ Lisboa 2023, o que foi antes e o que será depois’.

 

Depois de 23 dias a percorrer todas 18 vigararias do Patriarcado, os Símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) chegaram à Sé de Lisboa, para a celebração conclusiva da peregrinação. “Cada um é a semente que Deus lança ao mundo”, salientou o Cardeal-Patriarca, durante a Missa que marcou o fim da passagem da Cruz peregrina e do Ícone de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’, também, pelas 21 dioceses portuguesas, desde novembro de 2021. “Nós e vocês, meus queridos jovens, somos com Cristo a sementeira de Deus. Cada um de vocês considere-se uma semente que Deus lança nesse campo que é o mundo”, afirmou D. Manuel Clemente, na sua homilia.

Numa Sé repleta de jovens, na tarde do passado dia 23 de julho, o Cardeal-Patriarca diz que “pode ser uma pequenina semente, na insignificância que cada um é nos problemas do nosso mundo e do mundo inteiro”. Contudo, D. Manuel Clemente continuou a metáfora dizendo que a semente depois se transforma em arbusto e, finalmente, em árvore, “onde os pássaros pousam e vão cantar”. O Cardeal-Patriarca, visivelmente satisfeito com toda a juventude que enchia a Sé, repetiu a mesma ideia em Espanhol e Inglês, por ter à sua frente peregrinos portugueses, mas também jovens de outros países que começaram a chegar a Lisboa, para a JMJ 2023.

No final da celebração, em declarações aos jornalistas, D. Manuel Clemente referiu que a Jornada Mundial da Juventude começou há quatro anos, nas várias dioceses. “Isto é um trabalho extraordinário e quase espontâneo da juventude católica diocesana nacional e internacional”, considerou. Sobre a salva de palmas que recebeu no final da homilia, o Cardeal-Patriarca assumiu que foram recebidas como um bom retorno “para mim” e “para o senhor D. Américo Aguiar, que foi o grande organizador de tudo isto que cá está”.

 

Jornada à porta

A menos de dez dias da JMJ Lisboa 2023, a Cruz peregrina e o Ícone mariano foram recebidos por fiéis, junto ao Cais do Sodré, na Baixa lisboeta, na noite de sábado, 22 de julho, por milhares de fiéis de todas as idades, empunhando bandeiras da Jornada Mundial da Juventude, cantando e dançando num ambiente de alegria, animação e partilha.

A irmã Cláudia, da Congregação das Irmãs Filhas da Nossa Senhora das Dores, partilhava ao site oficial da Jornada (www.lisboa2023.org) que aquele era “um momento muito esperado por todos”. “Sabemos que a receção dos Símbolos hoje representa que a Jornada está mesmo à porta, então está prestes a chegar e será um momento de encontro com Jesus e com o próximo”, salientou a religiosa.

Olívia Pereira, da paróquia de Santa Joana, Princesa, na cidade de Lisboa, tem 57 anos e já não é estreante na JMJ. Esteve presente na Jornada Mundial da Juventude Roma 2000 e assim que viu o anúncio, em 2019, de que a JMJ seguinte seria em Lisboa, teve a certeza de que “só podia dizer sim” ao encontro em Portugal. A chegada dos símbolos a Lisboa era um acontecimento que há muito esperava. “A minha diocese de origem, Lamego, recebeu [os símbolos da JMJ] no início e eu, ainda que à distância, participei da alegria da minha comunidade paroquial. Por isso, a alegria de poder estar aqui também”, relatou esta leiga ao site oficial da JMJ.

Por volta das 23h40, a Cruz peregrina e o Ícone de Nossa Senhora chegaram no Elétrico 15, percorrendo, de seguida, as ruas da Baixa de Lisboa até à Praça Luís de Camões. A peregrinação e a festa continuaram até à Basílica da Estrela, onde os símbolos pernoitaram com a velada dos jovens lisboetas. A par com os Símbolos da JMJ seguiu também o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa Filipe Anacoreta Correia, que não escondeu o entusiasmo de receber a JMJ na capital. “Somos verdadeiramente abertos ao mundo e gostamos muito de acolher. É uma oportunidade fantástica. Aproveitem este tempo que pode marcar as nossas vidas e vai marcar certamente Lisboa”, referiu.

 

“Tudo pronto em Lisboa”

O Domingo, dia 23, iniciou com a oração da manhã no Mosteiro das Irmãs Clarissas na Estrela, de onde continuou a peregrinação dos símbolos pelas ruas de Lisboa. De seguida, visitaram o Estabelecimento Prisional de Lisboa, o Instituto Português de Oncologia (IPO) e a Universidade Católica Portuguesa. No fim da manhã, o Cardeal-Patriarca de Lisboa presidiu à Eucaristia com a presença dos Símbolos da JMJ, na Igreja de São Tomás de Aquino. Após a celebração, e num autocarro panorâmico, a Cruz Peregrina e o Ícone mariano partiram rumo ao Hospital de Santa Maria. Da parte da tarde, os Símbolos da JMJ continuaram a peregrinação junto da comunidade lisboeta até ao Comando Metropolitano de Lisboa da Polícia de Segurança Pública e, depois, até às Irmãs Missionárias da Caridade e à Igreja de São Maximiliano Kolbe, em Chelas, para serem então recebidos por membros da Comunidade Vida e Paz.

No final da tarde, foi o momento de acolhimento dos Símbolos JMJ pela Câmara Municipal de Lisboa (CML). “Hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas, neste evento que é único para a cidade e para todos os que vieram”, afirmou o presidente da CML, Carlos Moedas, em frente aos Paços do Concelho. Aos jornalistas, o autarca garantiu que “está tudo pronto” em Lisboa para receber os cerca de um milhão de peregrinos esperados e admite que a “emoção é muito grande e é histórica”, mas acredita que “vai correr tudo bem”.

Carlos Moedas e D. Manuel Clemente carregaram depois a Cruz peregrina até à Sé de Lisboa, para a Eucaristia. No final da celebração, os jovens reuniram-se, num clima de profunda alegria, no sunset party no Mosteiro de São Vicente de Fora.

 

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A JMJ Lisboa 2023, o que foi antes e o que será depois

A poucos dias de começar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) não posso falar do que nela vai acontecer, no cumprimento do que está programado. Será certamente muito bom, será o que Deus quiser.

Posso porém adiantar alguma coisa sobre o que foi antes, o que será depois, na organização que envolveu e no que previsivelmente acontecerá.

Desde 2019, trabalhou-se muito, quer na ativação do organigrama, do Comité Local aos Diocesanos, Vicariais e Paroquiais, quer nos contactos a todos os níveis, desde os órgãos autárquicos e governamentais a muitas entidades sociais e privadas. Ficou sempre claro e aceite que uma realização deste género só seria possível se fosse tomada como desígnio eclesial e nacional. E assim foi, de facto.

É incontável tudo quanto se fez, em ligação com o dicastério romano e com os episcopados de muitos países, com grande adesão de todos. É sobretudo assinalável a modo como o Papa Francisco acompanhou quanto se fez, em contacto frequente e entusiasmante com D. Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023. Esta é muito particularmente uma JMJ papal, também pelas mensagens vídeo que foi enviando para todos, em geral, e para os jovens e os organizadores em particular.

A JMJ foi ocasião para se manifestar e concretizar a grande disponibilidade latente de jovens e menos jovens para colaborarem num grande desígnio de marca essencialmente cristã – e por isso mesmo aberta a todos, como testemunho e capacidade de acolher e dialogar.

Contando com os que trabalharam nos vários níveis, das pequenas paróquias rurais às maiores de meio urbano, diocese a diocese, sem esquecer o que aconteceu nos grupos ligados a movimentos e institutos, somam-se milhares de colaboradores ativos. A estes se juntam os muitos voluntários nacionais e internacionais, que chegaram e vão chegando.

Que realidade se manifesta deste modo? Certamente algo com que se pode contar, mesmo que não se desse por isso, nem seja muito mediatizado. Aí está, de facto, constituindo o essencial da JMJ como acontecimento eclesial.

Como acontecimento eclesial, repito, no que somos todos em torno de Cristo e do seu Evangelho, para nós e para o mundo. Com mais ou menos consciência disto mesmo, mas com uma vivência e convivência que só o Espirito garante, integrando quem colabora numa família, rapidamente encontrada e tendo em vista um ideal comum e o serviço que requer.

Quem visita a sede do COL, ou quem se abeira dos jovens e adultos que trabalham afincadamente nas mais diversas tarefas da JMJ, fica impressionado com o entusiasmo e o empenho que manifestam, mesmo quando o dia-a-dia é repleto e a urgência aperta. Pensará até como seria bom que assim se verificasse na sociedade em geral. E algo resultará decerto.

E assim já refiro o futuro da JMJ. Para quem participar, ficará a memória viva de algo extraordinário e revelador. Revelador do que a Igreja e o mundo podem ser, no caminho da solidariedade e da paz. E mobilizador também, porque é uma memória que cria futuro, como quem não desiste de se reencontrar na amizade e no serviço, vá aonde vá e esteja e onde estiver.

Aliás, o que o Cristianismo faz há dois milénios é reviver o que começou com aquele grupo, jovem também, que com Jesus Cristo participou na inauguração dum Reino que, tendo Deus como Pai, nos tem a todos como irmãos. Participamos na “pressa” da Mãe de Jesus, para chegar realmente a todos.

Estou certo de que a JMJ e o seu espírito se projetarão nas comunidades, fazendo-as sempre mais “cristãs”; e na sociedade, fazendo-a mais fraterna. Uma experiência tão forte não se dilui com o tempo, antes o tornará diferente.

D. Manuel Clemente, em artigo de opinião no site da Renascença

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Duarte de Mourão Nunes / COD Lisboa
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